Como o Brasil trata o esgoto sanitário




Em pesquisa divulgada pelo site Trata Brasil em 2008, que foi feita em 79 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes, em diferentes regiões, nelas vivem cerca de 70 milhões de pessoas, responsáveis por gerar 8,4 bilhões de litros de esgoto diariamente. Em média, apenas 36% do esgoto gerado por esta população recebe algum tipo de tratamento. Isso porque são médias e grandes cidades. Nas pequenas cidades, em geral, a situação é muito pior. Pesquisa divulgada em outubro de 2008 pela OMS – Organização Mundial de Saúde já indicava que, no ranking dos 14 países com piores sistemas de tratamento de esgoto, o Brasil fica com o 7º lugar. Cerca de 18 milhões de brasileiros que não têm sequer banheiro em casa.
Para tentar minimizar o problema a ONU estipulou uma meta para países em desenvolvimento, que faz parte das Metas do Milênio. Anualmente, estes países, segundo a organização, deveriam diminuir em 2,77% seu déficit em saneamento para que, em 2015, ele fosse a metade do número inicial.
No caso brasileiro, o déficit atual é de 49,08% (ANA, 2008), mas ele já foi bem pior. Em 1992, chegava a 63,98%. Ou seja, quase metade do Brasil não tem coleta de esgoto. De acordo com pesquisa do IBGE, de 2002, apresentada no Plano Nacional de Recursos Hídricos, 47,8% dos municípios não coletam nem tratam os esgotos. Entre os 52,2% dos municípios têm o serviço de coleta, 20,2% coletam e tratam o esgoto coletado e 32% só coletam.
"O lançamento de esgotos domésticos nos corpos hídricos é o principal problema de qualidade das águas", afirma a Agência Nacional de Águas (ANA) no Plano Nacional de Recursos Hídricos. A construção de estações de tratamento de esgoto é um dos desafios do Brasil para melhorar a questão hídrica no país. Para minimizar, cada vez mais estes números, a Agência Nacional de Águas (ANA), criou em março de 2001, o Programa Despoluição de Bacias Hidrográficas (Prodes), também conhecido como “programa de compra de esgoto tratado”, é uma iniciativa inovadora: não financia obras ou equipamentos, paga pelos resultados alcançados, ou seja, pelo esgoto efetivamente tratado.
O Prodes consiste na concessão de estímulo financeiro pela União, na forma de pagamento pelo esgoto tratado, a Prestadores de Serviço de Saneamento que investirem na implantação, ampliação e operação de Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), desde que cumpridas as condições previstas em contrato.
No período de 2001 até 2010 foram contratadas 42 ETEs, envolvendo um valor total dos contratos de R$ 152,2 milhões, mas que tiveram investimentos para implantação por parte dos prestadores de serviços de 467 milhões.
Menos de 20% do esgoto urbano recebe algum tipo de tratamento, o restante é lançado nos corpos d água “in natura", colocando em risco a saúde do ecossistema e da população local. O incremento da carga orgânica poluidora nos corpos d’ água leva à escassez de água com boa qualidade, fato já verificado em algumas regiões do país.
Para 2011, a ANA editou a Resolução nº 71, de 14 de março de 2011, que aprovou o Regulamento para o Prodes em 2011. Já existe orçamento assegurado para as contratações em 2011 de, no mínimo, R$ 40 milhões.

Fonte:
- Trata Brasil: http://tratabr.wordpress.com. Acesso em 15/05/2011;
- ONU: http://www.un.org/millenniumgoals. Acesso em 15/05/2011;
- ANA: http://www.ana.gov.br. Acesso em 16/05/2011
- IBGE: http://www.ibge.gov.br. Acesso em 16/05/2011

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