A Pequena Propriedade Agrícola em Joinville
Lênin, Chayanov, Marx e tantos outros
escreveram sobre o pequeno produtor rural, suas dificuldades de seu aspecto de
abandono. Muito tempo se passou e a realidade parece que continua a mesma.
O caso do município de Joinville
parece um retrato de tantos outros pelo mundo. Mesmo sendo responsável por mais
de 95% do PIB do município, a industrialização não foi suficiente para parar a
produção agrícola, que embora pequena, concentra uma população humana expressiva.
Segundo dados da Fundação IBGE, a
população rural de Joinville em 1950 que era de 21.407 pessoas, teve uma
significativa queda chegando a apenas 12.477 pessoas em 1991. Porém, em apenas
uma década, voltou a crescer e já mostra um número superior a 22.000 pessoas
incluindo a população urbana do Distrito de Pirabeiraba.
Mesmo considerando a parte urbana de
Pirabeiraba, a população joinvilense que reside no perímetro rural e superior a
população total de 240 dos 293 municípios catarinenses. Pode-se desprezar este
contingente?
A produção agrícola de Joinville tem
como destaque o cultivo de arroz irrigado, banana e hortaliças. A piscicultura
é uma atividade em franco desenvolvimento e o município é o maior produtor
estadual de pescados de água doce, oferecendo uma fonte de renda alternativa
para os moradores do perímetro rural joinvilense, porém nada que altere uma
conduta econômica. A bovinocultura leiteira, outrora responsável por uma grande
bacia leiteira, é uma atividade em declínio, embora ainda proporcione liquidez
a alguns estabelecimentos. Se for analisado o PIB rural de Joinville, este é
superior a quase um terço do orçamento total dos municípios catarinenses.
Dados oficiais comprovam que mesmo
tendo um terço das terras concentradas em pouco mais de 7% das propriedades,
92,67% das propriedades possuem menos de 50 ha, espaço esse em que se pratica a
agricultura de subsistência, suficiente para a sobrevivência da família e com
uma pequena mais valia que é comercializada.
A
existência da pequena propriedade se faz necessária para a manutenção da
empregabilidade no campo. Para que isso ocorra, é importante que o Estado
incentive financeiramente a sobrevivência tecnológica dessa propriedade.
No caso de
Joinville este incentivo veio com o projeto da “Agroindústria Artesanal Familiar”, desenvolvido pelos
técnicos da Fundação 25 de Julho. Nesse projeto a Fundação fornece toda a
assistência técnica e sanitária, além de uma determinada divulgação, e os
agricultores passam a ser os empresários, pois produzem, industrializam e
comercializam em suas residências os frutos da própria terra.
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