PRIMEIRA AULA DE GEOGRAFIA DE SANTA CATARINA


 Este é um trabalho especial para meus alunos de terceirão:
   
As grandes navegações e a ocupação das terras brasileiras;


No século XV, Portugal e Espanha, que eram as grandes potências econômicas mundiais, disputavam com a Inglaterra para saber quem teria o maior número de colônias fora do território europeu.
Este período ficou conhecido como “o período das grandes navegações”. Pois, com pequenas embarcações chamadas de naus, os homens atravessavam os Oceanos para encontrar especiarias, ouro e pedras preciosas.
Neste período tanto Portugal, quanto Espanha, Holanda e Inglaterra chegaram a América, tomando posse destas terras. As terras ocupadas por Portugal foram chamadas de Brasil.
Após a ocupação Portugal dividiu suas terras em grandes porções chamadas de Capitanias Hereditárias e essas em porções menores chamadas de Sesmarias. Na Capitania de Santana ficavam as terras que mais tarde formariam o estado de santa Catarina.




b.   A consolidação de Santa Catarina como estado:

O estado de Santa Catarina tem várias datas de possíveis “descobertas”. 1504, Binot Paulmier de Gonneville esteve onde hoje situa-se São Francisco do Sul; 1514 Nuno Manuel, Cristóvão de Haro e Juan Díaz de Solís estiveram em algum ponto da Ilha de Santa Catarina; Don Rodrigo de Acuña em 1525 e Sebastião Caboto, em 1526, aportaram em algum ponto do continente próximo onde hoje se localiza Florianópolis. Porém a passagem mais importante foi de Alvar Núñez Cabeza de Vaca que em 1541 partiu da Ilha de Santa Catarina em direção ao Paraguai, desbravando a Serra do Mar.
Em 1640 foi fundada a primeira vila, Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco do Sul e em 1675 Nossa Senhora do Desterro na Ilha de Santa Catarina e no ano seguinte Santo Antônio dos Anjos de Laguna, dando início ao processo de povoamento das terras deste estado.
O Estado de Santa Catarina passa a ganhar volume populacional a partir de 1748 com o início da imigração açoriana e madeirense. Estes foram trazidas de suas terras com a promessa de enriquecimento no novo país, que era conhecido com um verdadeiro “eldorado” além mar. Dos oriundos de Açores e Madeira, cerca de cinco mil fixaram residência em Santa Catarina.
Com base inicialmente na agricultura, pesca e pecuária mais tarde na indústria e agroindústria Santa Catarina cresceu e constitui-se em um grande estado, tendo na atualidade uma população de mais de 6 milhões de pessoas bem distribuídas nos 293 municípios.


c.    Os movimentos migratórios e a ocupação territorial:

Para ocupar as terras do estado de Santa Catarina, assim como todo o Brasil, Portugal teve que contar com a ajuda de outros povos. A vinda destes povos ou o deslocamento deles de uma região para outra, chama-se movimento migratório ou corrente migratória. Essas podem ser internas (dentro do próprio país) ou externas (de um país para outro). Quando uma pessoa sai de uma região, município ou estado para outro, dentro do país, chama-se migrante. Quando ele sai de um país e chamado de emigrante e quando chega a um novo país e chamado de imigrante.

Como pode ser observado no mapa 7, Santa Catarina foi palco de um grande movimento migratório. Sendo que até 1950 eram comuns os movimentos migratórios externos com destaque á chegada de imigrantes vindos de Portugal, Espanha, Alemanha, Itália, Polônia, Ucrânia, Japão entre outros de menor valor numérico. O movimento migratório interno teve início por volta de 1890, com os gaúchos, intensificando a partir de 1920 com os paulistas e 1970 com os paranaenses.
A saída de catarinenses de Santa Catarina também ocorreu. Com destaque para a fronteira agrícola[1] dos primeiros anos do século passado e também a busca por melhores empregos na atualidade.
Atualmente em Santa Catarina encontra-se gente de vários países e de muitos estados, assim como, também, são encontrados catarinenses morando em muitos países e estados brasileiros.


d.   As regiões metropolitanas, municípios e cidades:

Santa Catarina possui hoje 293 municípios e 3 regiões metropolitanas[2] e evidentemente 293 cidades.
 


Cada município tem sua história de formação, as mais antigas ficam no litoral e, em geral, as mais novas no centro e oeste do estado, devido o processo de ocupação das terras catarinense.
Na tabela número 3 podemos observar as 10 maiores cidades de Santa Catarina.
Tabela 3: as 10 maiores cidades de Santa Catarina:
Ordem
Cidade
População
1
Joinville
515.288
2
Florianópolis
421.240
3
Blumenau
309.011
4
São José
209.804
5
Criciúma
192.308
6
Chapecó
183.530
7
Itajaí
183.373
8
Lages
156.727
9
Jaraguá do Sul
143.123
10
Palhoça
137.334
Fonte: IBGE, 2012

Na tabela número 4 podemos observar as 10 menores cidades do estado.
Tabela 4: as 10 menores cidades de Santa Catarina:
Ordem
Cidades
População
1
São Tiago do Sul
1.465
2
Lajeado Grande
1.490
3
Flor do Sertão
1.588
4
Presidente Castelo Branco
1.725
5
Tigrinhos
1.757
6
Paial
1.763
7
Jardinópolis
1.766
8
Macieira
1.826
9
Barra Bonita
1.878
10
Cunhataí
1.882
Fonte: IBGE, 2012

Em Santa Catarina não encontramos nenhuma grande cidade, como São Paulo, Salvador ou Porto Alegre, a nossa maior cidade (Joinville) é considerada média me nível de Brasil. O fato de Santa Catarina não ter uma grande cidade pode ser um ponto positivo, pois minimiza o surgimento de bolsões de miséria; por outro lado, falta uma referência político-econômico, o que geralmente ocorre com as grandes cidades.
Contudo, em Santa Catarina, criou três regiões metropolitanas, para facilitar a organização do espaço: a Grande Florianópolis, a região do Vale do Itajaí e do Norte-Nordeste Catarinense.  As três foram sancionadas pelo Governador Paulo Afonso, em janeiro de 1998 e são constituídas das seguintes cidades.
A Região Metropolitana da Grande Florianópolis: são 22 municípios, sendo que a cidade sede é Florianópolis. As demais cidades são: Águas Mornas, Alfredo Wagner, Angelina, Anitápolis, Antônio Carlos, Biguaçu, Canelinha, Garopaba, Governador Celso Ramos, Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, Palhoça, Paulo Lopes, Rancho Queimado, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, São João Batista, São Pedro de Alcântara, São José e Palhoça.
A Região Metropolitana do Vale do Itajaí: formada por 16 municípios, sendo Blumenau a cidade sede e os demais são: Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Botuverá, Brusque, Doutor Pedrinho, Gaspar, Guabiruba, Ilhota, Indaial, Luiz Alves, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó.
A Região Metropolitana do Norte – Nordeste: é formada por 20 municípios, tem como sede Joinville e os demais são: Araquari, Balneário de Barra do Sul, Barra Velha, Campo Alegre, Corupá, Garuva, Guaramirim, Itaiópolis, Itapoá, Jaraguá do Sul, Mafra, Massaranduba, Monte Castelo, Papanduva, Rio Negrinho, São Bento do Sul, São Francisco do Sul, São João do Itaperiú e Schroeder.
             

e.   O processo de litoralização em Santa Catarina:

Devido à importância da agricultura no início do século passado e a criação das fronteiras agrícolas, as cidades do Oeste e centro do estado nasceram e cresceram. Porém, nos últimos anos a industrialização está fazendo com que as cidades do litoral cresçam mais que as outras e, inclusive, atraiam a população destas fazendo com que tenhamos um crescimento maior das cidades litorâneas e uma diminuição das cidades do interior. Em alguns casos a população de alguns municípios diminuiu nos últimos anos.

Este processo de maior crescimento das cidades do litoral em relação à cidades do interior é chamado de litoralização. Ou seja, uma vantagem do litoral em relação ao interior no quesito crescimento populacional.

Tabela 5: Crescimento Populacional das cidades nos últimos 19 anos:
Município
1991
2000
2010
TX de Cresc.
Joinville
347.151
429.604
515.288
48,43%
Florianópolis
255.390
342.315
421.240
64,94%
Balneário Camboriú
40.308
73.455
108.089
168,15%
Criciúma
146.320
170.420
192.308
31,43%
Canoinhas
55.376
51.631
52.765
-4,66%
Joaçaba
28.139
24.066
27.020
-3,97%
São Miguel D´Oeste
42.242
32.324
36.306
-14,05%
Taió
19.369
16.257
17.260
-10,89%
Fonte: IBGE, 2012


f.     A participação do estado no Brasil:

Santa Catarina é uma das 27 Unidades Políticas da República Federativa do Brasil e posiciona-se na macrorregião Sul do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da qual, ocupa apenas 16,57%. O território Catarinense encontra-se entre os paralelos de 25º57'41" e 29º23'55" de latitude Sul e entre os meridianos de 48º19'37" e 53º50'00" de longitude Oeste.
Santa Catarina possui uma das menores desigualdades sociais do Brasil e, logo, bons indicadores de qualidade de vida. Na tabela 13, você pode ver e comparar os indicadores de Santa Catarina com os do Brasil.
Tabela 13: Santa Catarina – Indicadores econômicos e de qualidade de vida
Dado
Santa Catarina
Brasil
População Total
6.248.436
190.755.799
Área (km²)
95.703,487
8.502.728,269
Densidade Demográfica
65,29
22,43
Número de Municípios
293
5.564
IDH
0,840
0,699
Taxa de Analfabetismo
4,9%
9,7%
Taxa de Mortalidade
5,4‰
6,3‰
Taxa de Natalidade
13,6‰
20,7‰
Expectativa de vida
75 anos
72 anos
Pessoas por Veículo
1,8
2,9
Orçamento anual
R$ 10,3 bilhões
R$1,3 trilhões
Número de Deputados
40
513
Fonte: IBGE, 2011; Wikipédia, 2011; Gabinete da Presidência, 2011.

Além da qualidade de vida, também na indústria, na agropecuária e na silvicultura a força de Santa Catarina é indiscutível. A indústria de transformação catarinense é a quinta maior do país em número absolutos de empresas instaladas (43 mil) e de trabalhadores (476 mil). Isso em um Estado que ocupa apenas 1,1% do território nacional.
Essa força também pode ser vista no comércio externo, pois são muitas as instituições catarinenses que são vistas e/ou lembradas no exterior. Exemplo disso, as praias de Balneário Camboriú e Florianópolis que são tomadas por argentinos, paraguaios, chilenos e uruguaios todos os anos, também é significativa a presença de turistas europeus em nosso estado. O comércio externo catarinense se destaca pela diversidade de produtos e destinos apresentados. Veja na tabela 5, os produtos e destinos das importações e exportações de Santa Catarina.

Tabela 5: Os dados são por ordem de tamanho de mercado
Total de exportações
8,2 bilhões de reais em 2008
País
Principais Produtos
Estados Unidos
Frango inteiro, cortes especiais
Japão
Fumo
Argentina
Motocompressores
Holanda
Carne suína
Alemanha
Motores elétricos
Reino Unido
Blocos de cilindros, cabeçotes para motores
Rússia
Carne bovina
Hong Kong
Grãos de soja
México
Portas, caixilhos, artefatos de madeira
África do Sul
Ladrilhos de cerâmica
O mesmo ocorre para as importações:
Total de Importações
7,9 bilhões de reais em 2008
País
Principais Produtos
China
Cobre e derivados
Chile
Matérias-primas plásticas
Argentina
Fios de cobre
Estados Unidos
Pneus para Ónibus e Caminhões
Alemanha
Vasilhames
Peru
Fios e fibras artificiais
Índia
Fios de poliéster
Itália
Fios de algodão
Coréia do Sul
Trigo
Uruguai
Malte
Fonte: Cacex, 2011


g.    A composição política de Santa Catarina e seus símbolos.

O estado de Santa Catarina, atualmente, possui uma estrutura governamental, assim distribuída:
- 1 Governador
- 1 Vice-Governador
- 4 Coordenadorias
- 1 Procuradoria Geral do Estado
- 23 Secretarias de Estado
- 36 Secretarias Regionais (descentralizadas)
- 31 Empresas, Fundações e Autarquias
- Câmara de Deputados composta por 40 cadeiras.

Os símbolos de Santa Catarina são as Armas; a Bandeira; a Flor Símbolo e o Hino.
As armas do Estado de Santa Catarina foram estabelecidas pela Lei n. 126, de 15 de agosto de 1895, com base no desenho de Lucas Alexandre Boiteux. A mesma Lei estabeleceu também a Bandeira do Estado.

Pelo artigo 3º da Lei nº 126, de 15 de agosto de 1895, a Bandeira de Santa Catarina era composta de faixas brancas e encarnadas dispostas horizontalmente em número igual ao das comarcas do Estado e de um losango de cor verde colocado no centro da bandeira, tendo impressas tantas estrelas, de cor amarela, quantos fossem os municípios do Estado. O Decreto Lei nº 605, alterou o desenho da Bandeira, que foi baseado na obra de José Artur Boiteux.
Após a alteração, a Bandeira de Santa Catarina passou a ser composta de três faixas horizontais de igual largura, sendo as das extremidades vermelhas e a do centro branca; sobre as faixas, um losango verde-claro representando a vegetação e, no centro deste, as Armas do Estado.

A Laélia Purpurata, popularmente conhecida como orquídea, foi descoberta por François Devos em 1847. Nas décadas de 1920 a 1940 a Laélia foi exportada para Bélgica e Inglaterra, através de Florianópolis, sendo Santa Catarina considerada o maior exportador de Orquídeas do Brasil, associando-se o nome desta flor, em termos nacionais, ao nosso Estado.
Em 13 de dezembro de 1983, o então Governador Esperidião Amin Helou Filho assinou o Decreto n. 20.829 que “Identifica o taxon Laélia Purpurata Lidley variedade purpurata como Flor Símbolo do Estado de Santa Catarina.
 O hino de Santa Catarina foi adotado pela Lei nº 144 de 6 de setembro de 1895, no Governo de Hercílio Pedro da Luz. Com letra de Horácio Nunes e Música de José Brazilício de Souza.


Letra do Hino.

Sagremos num hino de estrelas e flores
Num canto sublime de glórias e luz,
As festas que os livres frementes de ardores,
Celebram nas terras gigantes da cruz.
Quebram-se férreas cadeias,
Rojam algemas no chão;
Do povo nas epopéias
Fulge a luz da redenção.
No céu peregrino da Pátria gigante
Que é berço de glórias e berço de heróis
Levanta-se em ondas de luz deslumbrante,
O sol, Liberdade cercada de sóis.
Pela força do Direito
Pela força da razão,
Cai por terra o preconceito
Levanta-se uma Nação.
Não mais diferenças de sangues e raças
Não mais regalias sem termos fatais,
A força está toda do povo nas massas,
Irmãos somos todos e todos iguais.
Da liberdade adorada.
No deslumbrante clarão
Banha o povo a fronte ousada
E avigora o coração.
O povo que é grande mas não vingativo
Que nunca a justiça e o Direito calcou,
Com flores e festas deu vida ao cativo,
Com festas e flores o trono esmagou.
Quebrou-se a algema do escravo
E nesta grande Nação
É cada homem um bravo
Cada bravo um cidadão.



[1] Fronteiras Agrícolas: são áreas de exploração definidas pelo Governo com o intuito de ocupar ou aumentar a ocupação de um determinado território. Este avanço da ocupação territorial está diretamente ligado à necessidade de aumentar a produção de alimentos ou a geração de empregos.
Exemplos: Oeste Catarinense no início do século XX; sudoeste do Paraná em meados do século XX; Mato Grosso no final do século XX; Rondônia e Tocantins na atualidade.

[2] Região Metropolitana: Uma região metropolitana é uma área composta por um grande centro populacional, que consiste em uma (ou, às vezes, duas ou até mais) grande cidade central (uma metrópole), e sua zona adjacente de influência. Geralmente, regiões metropolitanas formam aglomerações urbanas.
Porém, uma região metropolitana não precisa ser obrigatoriamente formada por uma única aglomeração urbana. É necessário apenas que as cidades que formam uma região metropolitana possuam um grau de integração entre si, podendo ser econômica, política ou cultura.

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