DOENÇAS URBANAS
O que são Doenças
Urbanas? Não existe claramente esta especificação no campo da medicina. Por se
tratar de uma doença da sociedade, encontraremos respostas a essa pergunta no
campo social, com a observação de fatos que ocorrem no dia-a-dia nas cidades
brasileiras. Esses fatos expõem o cidadão a uma série de condições que acabam
culminando em complicações que ocasionam uma grande quantidade de sequelas,
consequentemente originam muitas patologias. Logo, as doenças urbanas, que são
doenças sociais, acabam por originar problemas patológicos que podem gerar
problemas clínicos e necessidades de intervenções médicas.
E o tratamento como
deveria ser? Trataríamos as patológicas (consequências) ou as sociais (causas)?
É praticamente evidente que não se deve tratar a febre originada pela dor de
cabeça e sim a matriz desse fato.
Na sequência
do texto vamos apresentar algumas situações que chamaremos de “Doenças Urbanas”
e são bastante comuns em nossas cidades, principalmente nas médias e grandes, e
também a possibilidade para resolvermos cada caso.
- Falta de planejamento urbano: usemos como exemplo cidades que
apresentam ruas não padronizadas, algumas muito largas e outras muito
estreitas. Algumas, mesmo construídas em lugares planos, possuem um exagerado
número de curvas e outras ainda, traçadas em sentido diagonal, sem padronização
desde o conjunto inicial. Isso impede a circulação das correntes de ar nas ruas
dessas cidades, pois sendo traçadas em sentido contrário a direção dos ventos,
eles não farão a renovação do ar. Cria-se, então, um micro-clima bem definido
nessa região e em geral prejudicial à saúde da população.

Ainda
poderíamos citar a grande quantidade de cimento, vidro, asfalto e similares que
são aplicados nas cidades, com isso, criamos uma ilha de calor dando origem à
inversão térmica, que está trazendo uma série de sequelas à população.
Em São Paulo, durante o inverno, temos índices de Umidade Relativa do Ar
inferiores a 20%. Ou seja, o ar de São Paulo está mais seco, com menos umidade
que o ar do Deserto do Saara. Em Paris, a mais de 20 anos não há mais
precipitação de neve, devido a presença da inversão térmica.
Além
do superaquecimento que ocorre em todas as cidades, a inversão térmica também
traz doenças respiratórias. Quando acontece em cidades sem planejamento urbano
pode provocar situações complicadas como na cidade do México, onde os
habitantes são aconselhados pelo Governo a usarem máscaras protetoras durante
os dias em que a qualidade do ar se apresenta inadequada para a respiração.
Como
resolver todos esses problemas? A resposta está no próprio tema, precisamos de
um planejamento urbano, ou seja, as nossas cidades precisam ser repensadas e
reestruturadas para que possamos viver com qualidade.
Barreiras
Arquitetônicas: exceto as cidades pequenas, são poucas as cidades
brasileiras que possuem um trânsito adequado para portadores de deficiência,
principalmente física. E isso é contrário a Lei, pois sabemos que os direitos
de ir e vir estão garantidos na Constituição Federal. Mesmo assim os nossos
governantes não conseguem “ver” e quem diria resolver o problema.
Uma
cena muito comum observada em todo o país, é aquela, em que algumas pessoas
carregam um portador de deficiência física para dentro de um banco, repartição
pública ou mesmo para os sistemas de transporte. Lamentável! Pior que isso, é
ter uma rampa com um grau de inclinação tamanha, que não propicia
aproveitamento. Isso também é muito comum, principalmente nos países do Sul.
Será que é tão difícil criar rampas adequadas na estrutura urbana de uma
cidade?
Incrível
é o que acontece em Joinville, em algumas ruas temos o rebaixamento de calçadas
para facilitar o deslocamento de portadores de deficiência física, porém, quem
faz uso do rebaixamento são os ciclistas. Uma cidade que tem o título de
“cidade das bicicletas” entende-se que deveria ter em todas as principais ruas
uma ciclovia, certo? Só na teoria. Na cidade de Joinville temos poucas ruas com
ciclovia. Aí, ou o ciclista disputa espaço com veículos no meio das pistas onde
pode ser atropelado, ou com os pedestres na calçada onde pode atropelar alguém.
Inflação Humana: a terceira grande doença urbana que
gostaríamos de ressaltar, trata-se do exagerado crescimento populacional
mundial.
Quando Thomas Robert
Malthus, em 1798 questionou o crescimento populacional, muito disseram que ele
estava louco. Na verdade a teoria Malthusiana não possui muito crédito mesmo,
porém, no que diz respeito ao crescimento populacional o escritor estava
coberto de razão.
Logo após o início da
Era Cristã, a população humana da Terra levou cerca 1650 anos para dobrar seu
número e nas últimas décadas está dobrando em apenas 25 ou 30 anos. Uma
verdadeira inflação humana. Apenas o crescimento não chega a ser um mal, o
problema vai além, onde este batalhão de novos humanos vai morar, trabalhar,
estudar e principalmente, o que vai comer, vestir e beber?
As reservas de água
potável estão se esgotando. De toda a água do Planeta apenas 0,34% está potável
no momento e com os níveis de poluição da atualidade, não sei até quando
teremos este líquido precioso. Na agricultura, a produção de fontes de
alimentos básicos diminui a cada ano e a produção de matéria prima agrícola
para a indústria, continua aumentando. A fome parece próxima, principalmente quando
se fala em distribuição de alimentos. Para complicar ainda mais a situação, a
maioria das fontes de matéria prima estão ameaçadas de sucumbirem bem antes que
possamos imaginar.
Desde o princípio da
humanidade até 1920, nós extraímos e gastamos uma certa quantidade de matéria
prima mineral; de 1920 até os dias de hoje, gastamos outra quantidade de igual
proporção. Até quando estas fontes resistirão?

Quando chega o fim de
ano as pessoas, em geral, reclamam de uma só doença patológica que é o
estresse, será que ele tem cura? A priori sim, mas não por muito tempo, porque
logo a pessoa retorna ao dia-a-dia considerado normal e tudo volta a ser como
era antes. Então, se o estresse aparece durante o decorrer do ano, é causada
pelas Doenças Urbanas, Sua cura poderia estar na resolução desses problemas.
Favelas, violência
urbana e solidão são resultados não apenas do exagerado crescimento da
população mundial, mas também das grandes aglomerações urbanas, se a densidade
demográfica do Brasil é de 26 hab/km2, não se justifica termos uma megalópole
como São Paulo que abriga mais de 20 milhões de habitantes. Portanto, se faz
necessário uma redistribuição populacional no território brasileiro.
As
doenças urbanas são frutos de problemas estruturais e organizacionais da
sociedade.
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