ORIGEM E EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Quando
se fala que o Brasil tem a Sexta maior economia do mundo, muita gente não tem
noção do que isso significa ou como se chega à este dado.
Sabe-se
que o Brasil tem boa parte de seu PIB alavancado pela indústria, mas como isso
aconteceu se o país tem origem agrária e extrativista? Para responder essa
dúvida, vamos fazer um passeio pela história econômica do Brasil.
Para
que se tenha uma indústria forte, o país precisa passar por um processo de
industrialização. Entende-se por industrialização um conjunto de mudanças
econômicas, sociais, culturais e políticas, dotado de uma continuidade e de certo
sentido, este último dado pela transformação global do sistema de base não
industrial (agrário-exportador).
No Brasil,
a indústria moderna surge no final do século XIX em função da crise deste
sistema de base não industrial que se aliou à (ao):
ü Abolição
da escravatura;
ü Concentração
de capital no Centro-Sul do País (café);
ü Entrada
de imigrantes;
ü Crescimento
dos mercados nacionais;
Durante
seu desenvolvimento, sobressaem-se duas características:
Caráter regional –
desenvolveram-se inicialmente apenas as áreas que apresentavam:
ü Mercados
para produtos industriais;
ü Infra-estrutura
básica (energia, transporte, etc);
ü Recursos
humanos e naturais;
ü Acumulação
de capital;
Caráter de surtos – não há
um ritmo uniforme no processo de industrialização. Há surtos, muitas vezes
seguidos de longos períodos de estagnação.
Com
isso, as indústrias começam a aparecer no Brasil. Veja em números:
Indústrias em 1850
02 fábricas de tecidos; 10 indústrias
de alimentos; 02 indústrias de caixa e caixões; 05 indústrias metalúrgicas; 07
indústrias químicas
Indústrias em 1866
09 fábricas de tecidos
Nota: as outras indústrias cresceram muito
pouco.
Indústrias em 1881
44 fábricas de tecido, sendo; 12 na
Bahia; 09 em São Paulo; 08 em Minas; 06 no Rio de Janeiro;
05 na Capital (Rio de Janeiro); 04 em
Alagoas.
Nota: foi muito pequeno o crescimento
das outras indústrias.
Entre
as mais importantes datas e fatos para o desenvolvimento da indústria
brasileira pode-se destacar:
1785 – Carta- Régia
ü Dona
Maria I assina a Carta-Régia, proibindo a indústria no País e desativando as,
então, existentes.
1808 – Vinda da Família Real
ü Entrada
livre de mercadorias com baixa taxa alfandegária (15% apenas), o que se mantém
até 1844;
ü Falta de
mão-de-obra especializada;
ü Mercados
consumidores pequenos e mal distribuídos;
ü Deficiência
de energia;
ü Balança
comercial negativa (fracas exportações);
1844 – “Protecionismo” à indústria
ü Progressivo
aumento das tarifas alfandegárias;
ü Tesouro
Público em grande déficit;
ü Mão-de-obra
barata, embora de má qualidade;
ü Incentivo
à indústria têxtil (cresce produção de algodão);
1914-1918 – Primeira Guerra Mundial
ü Queda
cambial reduz concorrência externa;
ü Aumentam
as exportações, impulsionando as indústrias instaladas;
ü Corte das
importações;
1939-1945 – Segunda Guerra Mundial
ü Com as
dificuldades para importação, ocorrem novos incentivos à indústria;
ü Crescimento
do mercado consumidor interno, além da expansão da urbanização;
ü Surgimento
de setores industriais novos.
1950 em diante
ü Política
de substituição das importações;
ü Ativa-se
o planejamento das indústrias de base;
ü Entrada
de capitais estrangeiros;
ü Grande
aplicação de capital estatal em indústrias;
1956 – Programa de Metas
Elaborado
durante o governo Juscelino Kubitschek para ser executado no período 1957-1965,
mas foi realizado entre 1957 e 1960. Teve como preocupação básica acelerar a
industrialização do país, para substituir as importações.
As
pequenas indústrias de fundo de quintal, que haviam surgido durante a 2ª Guerra
Mundial, dariam lugar às grandes indústrias multinacionais. O programa de metas
estabelecia a necessidade de investimentos de infraestrutura, principalmente
quanto à energia elétrica e aos transportes, destacando-se o transporte
rodoviário, que iria garantir a implantação da indústria automobilística, outra
meta do programa.
O
apoio para a implantação de indústrias foi dado na forma de isenção de
impostos, financiamentos, isenção de pagamento de direitos aduaneiros na
importação de máquinas.
Relegou
a segundo plano setor primário da economia brasileira, gerando crise no
abastecimento e controle de preços.
A
partir daí começa a delinear-se a atual estrutura industrial do Brasil, em que
existe uma combinação que registra as presenças no Estado do grande capital
nacional e dos conglomerados transnacionais.
Todas
essas transformações só ocorreram, pois junto veio o processo de urbanização. Entende-se
por urbanização o processo de passagem da população do campo para a cidade.
Diferente do crescimento urbano que é a conquista de infraestrutura urbana,
busca da qualidade de vida. Ou seja, a urbanização ocorre quando a população
residente no perímetro urbano apresenta um crescimento quantitativo maior que o
residente no perímetro rural. Esse fator é causado por:
ü Necessidade
de mão-de-obra urbana;
ü Crescimento
industrial;
ü Mecanização
no campo;
ü Crise na
agropecuária.
Com
isso, tem-se a necessidade de regulamentar as cidades criando um conjunto de
regras para uso e ocupação dos solos, assim como normatizar a relação entre
vizinhos – O Estatuto das Cidades.
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