PROCESSOS HIDROLÍTICOS PARA MINIMIZAR A PRODUÇÃO DE LODOS DE ESGOTO
A
digestão anaeróbia de lodos é um processo de estabilização biológica, onde um
consórcio de diferentes tipos de microrganismos, na ausência de oxigênio
molecular, promove a transformação de compostos orgânicos em produtos simples
como metano e gás carbônico.
Para
haver essa transformação o processo passa por três etapas:
-
hidrólise;
-
acidogênese e acetogênese;
-
metanogênese.

Quando
se trata de substratos particulados como os lodos orgânicos, o passo limitante
é representado pela hidrólise. A hidrólise se refere ao processo de quebra de
moléculas orgânicas complexas, caracterizadas pelos polímeros de carboidratos,
proteínas, lipídeos e suas combinações, convertendo em moléculas menores. Seus
objetivos são: aumentar a solubilização dos sólidos presentes no lodo; melhorar
a eficiência de um processo subseqüente de degradação biológica ou para a
remoção ou reciclagem de nutrientes como o fósforo e o nitrogênio; promover a
desidratação do lodo; reduzir patógenos; ou suprimir a formação da escuma. É um
processo eficaz, embora consiga hidrolisar somente 50% da matéria orgânica na
forma de sólidos voláteis.
Durante
o processo de digestão anaeróbia, a hidrólise passa a ter dois mecanismos:
-
hidrólise primária, que corresponde a desintegração de
organismos complexos;
-
hidrólise secundária, que corresponde a morte da biomassa e
a liberação de moléculas.
Nos
processos físicos e químicos da hidrólise dos substratos complexos da matéria
orgânica presente em lodos pode reconhecer, fundamentalmente, dois mecanismos
dos agentes hidrolíticos atuando nos seguintes compartimentos:
-
atuação direta sobre a biomassa;
-
fracionamento dos compostos orgânicos macromoleculares.
Esse
processo promove, primeiramente, a morte e o rompimento celular da fração de
biomassa por meio da destruição de paredes e membranas celulares. Após a morte
celular, o conteúdo protoplasmático é liberado para o meio. Esse conteúdo e
formado por moléculas menores e com maior degradabilidade. Dessa forma a
diferença preferencial entre a hidrólise natural e a induzida é o ataque à
biomassa.
O
processo físico pode ser feito através de tratamento térmico, ultra-som e
desintegração mecânica.
No
processo físico, o lodo é tratado com temperatura entre 60º e 180º, o que
promove a redução de água. Os carboidratos, lipídios e proteínas, são as
moléculas mais afetadas pelo calor. A temperatura, também promove o rompimento
das membranas celulares, promovendo a liberação do conteúdo celular.

No
processo químico, os efeitos de ácidos e bases combinados com calor podem
promover a liberação de produtos de separação molecular e aumentar o grau de
matéria orgânica solúvel, que pode ser avaliada em termos de DQO solúvel ou
filtrada em relação a DQO total.
A
hidrólise química de lodos orgânicos inclui principalmente os tratamentos
ácidos e alcalinos e, assim, promovem a solubilização da matéria orgânica
(DQO), acelerando, conseqüentemente, o processo de estabilização e aumentando a
biodisponibilização de substratos assimiláveis no meio.
A
degradação da fração orgânica de lodos gerada em conseqüência de tratamentos
biológicos é realizada naturalmente e principalmente pela via enzimática. A atividade enzimática pode ser largamente
influenciada pela temperatura e pelo pH do meio. Geralmente, a temperatura
ótima de atividade situa-se em torno de 25º a 30ºC, com efeitos negativos sobre
a atividade de enzimas hidrolíticas em temperaturas abaixo de 15º C.
REFERÊNCIA:
-
CHERNICARO, C. A. L. et al., Hidrólise e Atividade
Anaeróbia em Lodos, in Cassini, S. T. (coord), Digestão de resíduos sólidos
orgânicos e aproveitamento do biogás, Rio de Janeiro, ABES-Rima, 2003, p.
15-25.
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