OS RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL




O uso dos recursos hídricos e sua conservação passou a ser um dos principais desafios do desenvolvimento sustentável. No Brasil, foram várias fases tanto por impulso próprio, quanto por influência econômica, como o inventário de recursos hídricos na década de 50 e o forte investimento nas usinas hidrelétricas. Para mudar a visão econômica, teve-se a conferência de Dublin e do Rio de Janeiro que foram relacionadas com a água. Essas conferências diagnosticaram a escassez da água e os motivos desse acontecimento.

O total de água globalmente retirada dos rios, aqüíferos e outras fontes aumentaram nove vezes, enquanto que o uso por pessoa dobrou e a população cresceu três vezes. As reservas diminuíram 50% nos últimos 40 anos e irão reduzir mais 50% nos próximos 25 anos. Logo, parte da população mundial irá sofrer com a escassez quantitativa da água. Estima-se que 2/3 da população mundial venha a ser atingida.

Quanto ao esgoto sanitário, o impacto ambiental é maior, pois, 90% da população brasileira é atendida por água tratada e apenas 20% tem coleta e tratamento de esgoto. O aumento da urbanização e do uso de agrotóxicos nas lavouras irá piorar, ainda mais, esse cenário.

A agricultura é a grande vilã do consumo de água, tanto a nível nacional, quanto a nível mundial. Exemplo, um hectare de terras cultivado com arroz gasta a mesma água que 800 pessoas iriam consumir. Contudo, já é possível ver uma mudança nas formas de cultivo, principalmente na região sul do país, onde as práticas conservacionistas estão sendo substituídas por plantio direto, o que está provocando uma diminuição da erosão do solo e aumento da contribuição do freático e como conseqüência uma regularidade maior dos rios.

O Brasil é um dos maiores produtores de energia hidroelétrica do mundo, com um volume de aproximadamente 10% do total. Com o período de baixo volume de chuvas, percebeu-se que é possível produzir energia com menos riscos.

A década de 1990 foi promissora ao desenvolvimento institucional em recursos hídricos. Pois, criada a Secretaria de Recursos Hídricos, a lei de recursos hídricos, a agenda 21 e a ANA. O maior risco para o sucesso do sistema de gerenciamento pode estar forma de administração dos atuais governos.

No setor de água potável e saneamento ocorre uma transição institucional, pois com a privatização de serviços de empresas e instituições, as obrigações são passadas para as empresas estaduais, que geralmente são deficitárias, com baixa capacidade de investimento. Logo, o esgoto urbano, na grande maioria das cidades escoa diretamente do sistema pluvial para os rios, sem tratamento. Como conseqüência, observam-se prejuízos econômicos, forte degradação de vida, com retorno de doenças de veiculação hídrica, mortes, perdas de moradias, interrupção de atividades comerciais e industriais em algumas áreas, entre outras.

Junto à agricultura, observa-se um uso exagerado de água em todas as regiões. Na região do semi-árido, onde os rios são temporários, o potencial de água é pequeno e pouco eficientes para a irrigação. No que tange à produção de energia, poderão ocorrer riscos de racionamento devido às incertezas de variabilidade climática do sistema. A tendência de privatização do setor energético levará a uma dimensão maior. Provavelmente haverá um importante desenvolvimento tecnológico no setor. Contudo, deve-se mudar, principalmente, a visão técnica e política equivocada das obras de controle de enchentes.

Os efeitos das secas de grandes proporções no Brasil já começam a ser mitigados com a adoção de medidas preventivas. Este controle é obtido com eficiente monitoramento da qualidade da água e o uso de mecanismos fiscais, como a cobrança pela poluição e o ICMS ecológico e, com a criação do fundo de pesquisa em Recursos Hídricos, que é gerido por um comitê em que fazem parte as entidades de governo e representantes da iniciativa privada e acadêmica.

 

 

Referência:

 

-TUCCI, Carlos E. M. A. Artigo-base sobre recursos hídricos. In: Meio ambiente Brasil: avanços e obstáculos pós-Rio-92. Aspásia Camargo, João Paulo Ribeiro Capobianco, José Antonio Puppim de oliveira (Org.) São Paulo: Estação Liberdade: Instituto Socioambiental; Rio de Janeiro: FGV, 2002, p.266-282.

 

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