O QUE ACONTECEU COM A ALCA?
A Área de
Livre Comércio das Américas-ALCA, lançada no final do século passado como a
grande ideia para ser implantada em três anos. Com a implantação desta as
barreiras comerciais entre os países que compõem o continente Americano seriam
derrubadas. Produtos e serviços fluiriam pelo continente sem restrições e sem
impostos, os preços internos cairiam e economias frágeis como a do Paraguai,
Bolívia, Peru e outros países da América Central teriam a oportunidade de sair
da estagnação.
A ALCA
não foi concretizada, ainda é um projeto que deveria ter sido implantada em 2005.
Este era um projeto grandioso, que se tornaria maior que a União Europeia,
quando concretizado, geraria uma riqueza anual superior a 20 trilhões de
dólares.
Na
conferência de Belo Horizonte em 1997, representantes de 34 países das três
Américas se reuniram com o intuito de discutir sobre o projeto como um todo, e
acabaram defrontando-se com uma forte disputa entre o Brasil e os Estados
Unidos, duas das economias mais fortes das Américas. Os Estados Unidos, que
queriam se sobressair no bloco e criar medidas protecionistas apenas à sua
economia, queriam a abolição das tarifas alfandegárias já no ano seguinte
(1998). O Brasil não concordou com esta medida do tranco tarifário, pois a
considera prejudicial para si e benéfica para os Estados Unidos.
A
consequência imediata à implantação deste bloco seria que os Estados Unidos
inundariam o Brasil com seus produtos, isentos de impostos de importação, e que
eram melhores e mais baratos que os nacionais. Assim, como o Brasil
coerentemente decidiu isso seria prejudicial à economia nacional, realizando,
assim, "um belo ato de protecionismo a indústria nacional". Isto
poderia produzir efeitos devastadores na indústria nacional e assim, no nível
de emprego. Mesmo se o Brasil concordasse com os Estados Unidos, eles
continuariam dificultando a entrada em seu país de vários artigos brasileiros
competitivos, pois além das tarifas alfandegárias, adotam inúmeras barreiras
sobre os produtos brasileiros. Nos dias atuais e, como sempre foram inúmeros
produtos brasileiros sofrem restrições ou nem são aceitos, como a carne
brasileira, que não é importada pelos Estados Unidos porque sempre alegam ter
aftosa. Dentre muitos outros, esse é um truque usado para proteger o mercado
americano. No conclave diplomático em Belo Horizonte, venceu a posição
brasileira, avalizada pelos seus parceiros do Mercosul - Argentina, Uruguai e
Paraguai.
Os países
engajados no Mercosul queriam tempo para estudar como seria um abraço com os
Estados Unidos queriam também um prazo mais longo para melhorar o que produziam
de forma que a competição comercial viesse a ser mais equilibrada no interior
do bloco, eles queriam, na verdade trabalhar para reduzir a burocracia,
facilitar os negócios e acabar com as restrições não tarifárias às importações
como cotas e exigências sanitárias. Só então, em 2003 iria começar a discutir a
extinção dos impostos.
O Brasil
se mostrou responsável ao assumir que não está capacitado para entrar neste
mercado, colhendo os frutos merecidos. Pois, o verdadeiro interesse dos Estados
Unidos em quebrar as barreiras não é mais os carros japoneses ou seu
desemprego, e sim resolver o seu problema do déficit da balança comercial que
em 1996 foi de 160 bilhões de dólares, sendo que suas exportações para outros
continentes vinha caindo e a solução encontrada foi a tentativa de expandir
estas importações para o próprio continente Americano, o que podia ser visto já
que as exportações para os países do Mercosul havia crescido 160% de 1990 à
1995.
Como a
tentativa americana foi frustrada na América, eles fizeram o mesmo na Ásia e
conseguiram equilibrar suas finanças com negócios lucrativos com a Indonésia,
Cingapura e outras nações orientais. Enquanto o Brasil e os demais membros do
Mercosul mantiveram os acordos deste bloco.
Se
realmente o ALCA fosse tão bom, teriam os americanos desistido tão facilmente?
Por que não se falou mais nisso? Com certeza a posição do Brasil foi a mais
acertada, pois o novo modelo administrativo implantado pela equipe econômica de
Lula, a economia cresceu e não teve resistência. No caso de um acordo firmado,
certamente teríamos tido problemas.
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