A PARTICIPAÇÃO DO EUROPEU NA POPULAÇÃO CATARINENSE




 Entre os europeus, os portugueses, alemães, italianos e eslavos são os que têm maior representação na formação da população de Santa Catarina.


O Português

Foram poucos os portugueses, vindos de Portugal que fixaram residência em Santa Catarina, a maioria optou por outras Capitanias deste país. A ocupação de Santa Catarina em sua faixa litorânea, se deu principalmente com portugueses vindos da Ilha da Madeira, Açores e da Vila de São Vicente em São Paulo. Logo a ocupação portuguesa ocorreu com Madeirenses, Açorianos e Vicentistas.
Os Açorianos e Madeirenses como eram exímios pescadores, agricultores e religiosos, trouxeram este conhecimento para Santa Catarina e auxiliaram na formação cultural deste estado. Logo, o modelo de pesca que se faz até os dias atuais no litoral catarinense com o uso de redes, tarrafas e barcos; as práticas agrícolas de usar terras de encostas, preparar o solo e plantar em determinadas fases da lua; as festas e cultos religiosos, assim como a devoção a determinados santos, como o Senhor dos Passos, Nossa Senhoras Graças e Santo Antônio; a crença de que o primeiro ovo que a galinha põe na sexta-feira santa não ira apodrecer, assim como o chá colhido neste dia é bento, não comer carne vermelhos durante as quartas e sextas-feiras de quaresmas são tradições da cultura Açoriana, madeirense e Vicentista que estão vivas na cultura catarinense.
Entre outras os contribuições de Vicentistas, açorianos e madeirenses para a cultura catarinense, foram a língua portuguesa, a religião católica, as formas de se vestir, a culinária (pratos à base de frutos do mar), a arquitetura (construção de casarões) e a farra do boi (que foi considerada crime pela justiça, devido aos maus tratos aos animais).


O Italiano

Os Italianos vieram no final do século XIX. O primeiro grupo fixou-se próximo a Desterro fundando a colônia Nova Itália, hoje São João Batista, e ainda fundaram as cidades de Botuverá, Nova Trento, entre outras. Os demais grupos de italianos aportaram em Laguna e Tubarão e fundaram várias cidades nessa região do Estado como Criciúma, Urussanga e Nova Veneza.
A chegada dos italianos se deve a um acordo do Governo Brasileiro com o Governo Italiano para a vinda de pessoas daquele país parta ocupar os espaços vazios aqui. Parece que deu certo, pois o número de italianos que veio foi superior a todos os demais grupos, até mesmo portugueses, então deveu a eles a inflação humana da época.
Os italianos, em sua maioria, eram provenientes da região do Vêneto, no Norte da Itália. Junto com outros da Lombardia, Friuli-Venezia Giulia e Trentino Alto Adige.
Os italianos contribuíram bastante para a formação da cultura e da população catarinense, principalmente, com a agricultura, formas de manejo da terra e tipos de cultivares, pois eram agricultores no país de origem; culinária (consumo de massas); religiosidade, pois também eram católicos, mas trouxeram para cá a crença em outros santos como Nossa Senhora do Caravággio, São Francisco de Assis e São Pedro.
Com o passar dos anos os italianos também ocuparam outras regiões do Estado como, por exemplo, nas áreas de expansão do Vale do Itajaí e colônia Dona Francisca, que eram de domínio alemão. Então, cidades do Vale e Norte como Rio do Sul, Taió e Santa Cecília também possuem a cultura e colonização italiana.


O Alemão

O primeiro grupo de imigrantes da Europa não portuguesa foi trazido da Alemanha. Os Alemães fixaram-se na região próxima à localidade de Desterro, onde fundaram a primeira cidade alemã em terras catarinenses, São Pedro de Alcântara (1826); em seguida outro grupo levado para o Vale do Itajaí, em 1850, fundou as cidades alemãs do Vale, como Blumenau, Gaspar, Indaial,…, no ano seguinte 1851, outro grupo chegou à Colônia Dona Francisca, onde fundaram as cidades alemãs do Nordeste, como Joinville e São Bento do Sul.
Os alemães que se fixaram em terras brasileiras, onde, por possuírem habilidades profissionais diferentes das de camponeses, fixaram-se nas cidades e instalaram casas de comércio e indústria, com destaque para serviços, tipo marcenaria, alfaiataria, ferraria e outras.
Entre as contribuições alemãs para a formação do estado e da cultura de Santa Catarina, pode-se destacar a abertura de pontos comerciais; instalação de indústria; a criação de clubes sociais, como clube de caça e tiro, bolão e bocha; na culinária, pratos típicos como doces e bebidas;


Os demais povos europeus vindos para Santa Catarina

Os Eslavos (poloneses, ucranianos e russos) também marcaram sua presença em território catarinense e os primeiros grupos vieram no final do século passado e se fixaram mais ao Norte do Estado. Algumas cidades como Canoinhas, Mafra e Rio Negro são berços da colonização eslava, embora na maioria dos casos eles viessem para colônias já prontas. Chegaram pelo porto de Antonina no Paraná, onde criaram várias colônias na região de Lapa e Curitiba.  De Lapa para Santa Catarina foi uma questão de espaço. Numericamente não representam muito para a população catarinense, a maioria estabeleceu-se no Paraná.
Recebemos outros grupos de imigrantes, como os Austríacos, que estão, praticamente todos reunidos na cidade de Treze Tilhas, que inclusive se denomina “O Tirol Brasileiro”.
Numericamente pequeno, também temos que ressaltar a presença dos Japoneses que mais recentemente estão presentes na formação populacional de Santa Catarina, principalmente nas cidades de Campos Novos, Lages e São Joaquim, onde formaram colônias de agricultores e mantém vivo suas tradições e princípios culturais. Em São Joaquim, eles possuem uma escola que ensina em idioma japonês, além das festas típicas como a adoração das floradas da macieira e da preparação do chá.

O Negro na composição da população catarinense

Em Santa Catarina, a população Negra representa um número percentual muito reduzido, apenas 2,86% do total, considerando também os cafuzos[1] e quilombolas[2].
Muitos autores escrevem que em Santa Catarina não teve fazendas com trabalho escravo, o que não é verdade. A atividade escravista ocorreu sim, em poucas fazendas, mas ocorreu. Tendo em geral escravos domésticos[3], mas também há registros da presença de escravos braçais em terras Catarinenses.
Segundo representantes do Grupo de Consciência Negra de Santa Catarina, os escravos catarinenses eram familiares, onde algumas mulheres faziam o serviço doméstico e alguns homens o serviço externo, tipo cortar lenha, lidar com o gado e principalmente ajudar na agricultura. Na maioria dos casos eram comprados em fazendas de São Paulo e já estavam adaptados à realidade brasileira, sabendo, inclusive falar português.


[1]                      Cafuzo: cidadão que é filho de pais, onde um é Negro e outro Indígena.

[2]                      Quilombola: população residente em um Quilombo; local que serviu de refugio para escravos fugitivos.


[3]                      Escravos Domésticos: trabalhadores que faziam atividades domésticas, como cortar lenha, limpar casa, roça e outros afazeres que não o trabalho na produção.

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