GUERRAS E CONFLITOS EM TERRITÓRIO CATARINENSE







A influência da Guerra do Contestado e da República Juliana na formação da identidade catarinense



Em terras catarinenses ocorreu uma das maiores Guerras que já aconteceu no espaço brasileiro - A Guerra do Contestado. Este foi um conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916.
Este conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que viviam em terras do oeste catarinense e forças militares dos poderes federal e estadual. O nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Paraná e Santa Catarina.
Tudo começou porque a estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul estava sendo construída por uma empresa norte-americana, com apoio dos coronéis (grandes proprietários rurais com força política) da região e do governo. Para que a construção da estrada de ferro fosse efetuada, milhares de família de camponeses perderam suas terras. Este fato gerou muito desemprego entre os camponeses da região, que ficaram sem terras para trabalhar.
Nesta época, as regiões mais pobres do Brasil eram terreno fértil para o aparecimento de lideranças religiosas de caráter messiânico. Na área do Contestado não foi diferente, pois, diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar. José Maria conseguiu reunir milhares de seguidores, principalmente de camponeses sem terras.
A guerra terminou somente em 1916, quando as tropas oficiais conseguiram prender Adeodato, que era um dos chefes do último reduto de rebeldes da revolta. Ele foi condenado a trinta anos de prisão.
Com o fim da Guerra, os camponeses que perderam suas terras espalharam-se por toda Santa Catarina, dando origem aos trabalhadores sem terras e aos moradores das periferias das grandes cidades.
A República Juliana foi declarada durante a revolução farroupilha que estourava no Rio Grande e, naquele momento, estendera-se até Santa Catarina.
Este movimento Revolucionário objetivava libertar aquela província de um controle econômico do governo imperial, considerado intolerável pela população do Rio Grande do Sul, e era alimentado por ideais republicanos e federalistas, sob o comando do coronel Bento Gonçalves. Em Santa Catarina, especialmente nas regiões mais próximas do Rio Grande, como Laguna e Lages, o número de simpatizantes pela causa rio-grandense aumentava, incentivados por famílias fugitivas gaúchas que haviam escapado às perseguições e à Guerra dos Farrapos.
Lages foi ocupada pelos farrapos em 1838 e declarada parte da República Rio-grandense, que já havia sido declarada. No ano seguinte, liderados pelo italiano Guiseppe Garibaldi, os farrapos invadiram Laguna pelo mar. E chegaram por terra comandados por Davi Canabarro. Apoiados pela população estabeleceram uma república com o nome provisório de Cidade Juliana de Laguna, presidida por Canabarro.
A reação do governo Imperial imediata, com 400 homens vindos do Rio de Janeiro e 3.000 de Santa Catarina, 20 navios cercaram Laguna e pelos caminhos diplomáticos acabaram com a resistência dos republicanos. Os demais revolucionários de Laguna foram derrotados por tropas navais do governo brasileiro, fazendo Garibaldi e sua companheira Anita refugiarem-se no Rio Grande, de onde saíram para lutar na Itália.A instalação da República Juliana de Laguna, ainda que por pouco tempo, foi uma das páginas mais gloriosas da história catarinense, projetando internacionalmente o nome de Anita Garibaldi, denominada a Heroína dos Dois Mundos.
Então, tanto a Guerra do Contestado como a Revolução farroupilha fazem parte de uma página rica que é a história de Santa Catarina.

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