CANAL DO LINGUADO, ABRIR OU NÃO?
Tenho acompanhado
constantemente as discussões sobre a “abertura do Canal do linguado” pela
imprensa. Contudo, até agora não tive a oportunidade de ver e nem de ouvir
ninguém falando o que vai ser feito com os milhares de metros cúbicos de “lodo”
existente na baía. Abrir o Canal até que sim, mas e as consequências disso? Como
este ano teremos eleições para o Governo e Câmara de Deputados, certamente
muitos candidatos irão abordar o tema, falando um monte de besteiras, tipo “se
eleito for irei defender a abertura do canal”, sem ter noção do que está
falando.
Desde
o seu fechamento, com a construção de um tômbolo artificial, o rio Cachoeira
vem lanchando todos os dias vários metros cúbicos de dejetos naturais na baía
da Babitônga. Contudo, juntamente com a água e os dejetos naturais do rio temos
também milhares de metros cúbicos de esgoto sem tratamento que são lançados no
rio e vem com a água até a Laguna.

Com
a retirada desse tômbolo, a corrente marítima possivelmente voltará a “limpar”
a Laguna e todo o lodo que ali se encontra será lançado em alto mar. Para os
leigos até ai tudo bem, contudo, este lodo é riquíssimo em metais pesados que
durante anos esteja sendo jogados pelas indústrias da cidade nas águas do rio
Cachoeira e seriam levados pela corrente até o mar e até mesmo ao oceano, ou
seja, estaríamos transferindo o problema e não resolvendo.
Podemos
comparar esta situação com uma lixeira. A Baía é a lixeira, agora que está
cheio vem alguém e derrama o lixo espalhando-o pelo chão, logo, a lixeira
ficará limpa novamente e o lixo todo ficará esparramado. Será que foi uma
iniciativa inteligente? Será que foi uma pessoa inteligente que virou a
lixeira?
Está
na hora da sociedade parar para discutirmos este assunto, não dá só para ficar
no blá blá blá. Se a decisão é positiva para reabrir o canal, que seja aberto,
mas primeiro responda, o que fazer com os resíduos?

Porém,
com uma política distribuição de rendas mais justa, criação de empregos,
valorização das colônias de pesca, criação das áreas de preservação verde no
nordeste catarinense e, a política agressiva de coleta e tratamento de esgoto em
Joinville, sendo implantados, dá para pensar em um futuro melhor para a “nossa
Babitônga” em curto prazo.
Contudo,
para discutir a abertura do Canal do Linguado, se faz necessário, primeiro
tratar todo o esgoto produzido pela cidade de Joinville; segundo retirar o lodo
do leito da Laguna do Saguaçu e de toda a Baía da Babitônga; terceiro fazer uma
EIA/RIMA para avaliar os impactos que essa “abertura” poderia trazer, pois
muitas áreas de Joinville foram loteadas onde anteriormente alagava-se com a
preamar, assim como algumas possíveis alterações nas praias de Itapoá e
Balneário Barra do Sul, pois a corrente Marítima voltaria ao caminho original.
Somente então tendo uma posição positiva poderíamos abrir o referido Canal.
Como pode-se ver não é brincadeirinha de final de semana, é algo muito sério
que envolve muita gente.
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