O BRASILEIRO E O TRÂNSITO





Estava ouvindo um programa de rádio e o cidadão que falava, contava um acontecimento e se dizia assustado com a selvageria do trânsito, pois um determinado acidente havia ocorrido e não se sabia qual era o culpado. Primeiro se foi acidente, a própria palavra já diz tudo – ninguém atropela alguém por diversão, segundo sempre há um culpado é só ler a Lei de trânsito, nela está muito claro quem deve fazer o que nas ruas e avenidas do Brasil. Mas ler é tão difícil, né? Mais fácil e dar opinião.
Muita gente questiona, outros aplaudem e há ainda quem condene leis de trânsito do Brasil. Eu gostaria de discuti-las, juntamente com outro fato – o processo de urbanização das cidades brasileiras, principalmente de Joinville.
O código brasileiro de trânsito, que contempla as leis, trás como pano de fundo a diminuição do número de acidentes em nosso já conturbado e violento trânsito. No conjunto as leis são extremamente modernas, cobra do motorista a direção defensiva, do ciclista a condução correta, do motociclista o respeito pelo trânsito e até do pedestre uma maior responsabilidade. Fantástico, não poderia ser melhor, poucos países do mundo possuem regras tão rigorosas para seu trânsito.
Os brasileiros mais pessimistas duvidam do funcionamento dessas leis na sua íntegra e sempre citam exemplos de que lá não sei onde as coisas funcionam. Todos sabem que o bom funcionamento se dá quando há um empenho geral da comunidade, o que não é impossível para nós brasileiros. Embora existam seres que garantam que a cultura do Brasileiro não permite que ele cumpra regras. Que imbecil, não existe regra não cumprida por questões culturais. O que existe, são cobranças mal efetuadas.
Está na hora de deixarmos de ser provincianos e acreditarmos nas coisas sérias que nosso país oferece. Vamos acreditar nas leis que beneficiam e, muito, a vida de cada cidadão deste país. Em nenhuma hipótese podemos afirmar que as leis não dão resultado antes de testá-las. Nos países europeus, o trânsito só passou a funcionar quando houve uma regulamentação de conduta. No Chile, que é um país de estrutura étnica parecida com a nossa o trânsito flui naturalmente, sem grandes infrações. Por que só no Brasil não pode funcionar?
O regramento está perfeito, ou seja, quase. Se você leu o conjunto de leis na íntegra, certamente percebeu que algo não foi escrito. Têm lei para o motorista, para o motociclista, para o ciclista e para o pedestre. O que falta? Como nós pedestre iremos atravessar ma faixa, quando ela não existe? Quando nós ciclistas poderemos andar na ciclovia, pois quase nunca há encontramos? E como respeitar calçadas se não há temos?
Mais uma vez ficou claro a intenção de nossos governantes – o povo paga a conta.
A estrutura urbana em quase todas as cidades brasileiras são realmente precárias na maioria dos casos não temos se quer um planejamento mínimo de urbanização.
Em Joinville, se você quiser atravessar a cidade no sentido Norte - Sul, você será beneficiado com três vias de escoamento, onde a fluência do trânsito se dá com tranqüilidade. Porém, se sua intenção é ir do Leste para o Oeste, tenha muita paciência. Você ficará pelo menos meia hora no trânsito além do normal.
Nas principais ruas do centro não temos calçada, ou quando a temos elas estão em péssimo estado de conservação, o que chega a ser perigoso. Em toda a “cidade das bicicletas” devemos ter uns cinco quilômetros de ciclovias. Nos demais casos, os ciclistas disputam espaço com os pedestres e carros no meio da rua.
Pobre dos portadores de deficiência física. Rampas de acesso, nem nas repartições públicas, quem dirá nos ônibus.
Esta não é só a realidade de Joinville, infelizmente, em todas as cidades brasileiras encontramos essas deficiências. De quem é a culpa? Em parte ela é devida aos próprios cidadãos que não cobram seus direitos, em muitos casos até por desconhecê-los. Em parte do próprio Governo que cria leis pela metade, pois no novo Código Nacional de Trânsito bem que poderia Ter um capítulo obrigando as Prefeituras a fazerem calçadas e ciclovias nas principais ruas de suas cidades.

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