A REALIDADE CAMPONESA X AS COTAS DE CARBONO


Quando se fala em proteger o meio ambiente dez em cada dez camponeses ficam preocupados, pois sempre são eles, os homens do campo, que precisam pagar a conta ou arcar com as conseqüências. Porém, as coisas estão mudando, agora é possível deixar crescer o mato em sua propriedade e ainda ganhar dinheiro com isso. O segredo chama-se seqüestro de carbono.
Chama-se seqüestro de carbono a absorção do gás carbônico (CO²) presente na atmosfera pelas florestas, que durante a fase de crescimento, absorvem este gás e liberam oxigênio. Isto quer dizer que florestas em crescimento são fundamentais para a diminuição de poluentes na atmosfera terrestre e para melhorar a qualidade de vida da população. Por esta razão, para proteger a atmosfera seria necessário não só diminuir a emissão de poluentes, mas também preservar as florestas plantando árvores, que ajudam a "limpar" o ar que respiramos. Então, se tem uma inversão da lógica econômica, onde os camponeses farão um benefício para toda a humanidade e estes pagarão por isso.
As maiores poluidoras, as empresas capitalistas, serão as que terão que “pagar” por este novo momento. Sendo assim, muitas empresas deveriam se comprometer não só a reduzir a emissão de gases poluentes como também a preservar áreas florestais degradadas como uma forma de "compensar" a poluição lançada na atmosfera.

Como dificilmente as empresas irão comprar gigantescas glebas de terras para manter uma área de preservação, até porque tem custo para a manutenção, logo a tendência é que elas comprem o direito de preservar, ou seja, por meio do Protocolo de Quioto, que lançou um produto chamado de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), onde é possível uma pessoa preservar e “vender” esse direito à outra que polui e não tem como preservar. Atualmente centenas de milhares de cotas já são comercializadas em bolsas de valores a preços bem convidativos.
A lógica funciona assim: um cidadão tem uma área verde em suas terras e ele faz um levantamento da capacidade de seqüestro de carbono que sua mata possui – quanto mais nova a floresta, maior essa capacidade – gerar as RCEs – reduções certificadas de emissões e estes podem ser comercializados. Cabe destacar que devem ser plantas nativas e não frutos de silvicultura ou reflorestamentos comerciais.
O preço de cada cota no mercado interno fica na faixa de 16 euros, porém na Europa pode ser vendido à 19 euros. Como cada dez hectares de área verde seguestra em média 1 tonelada de carbono por ano, quem tem uma propriedade de 500 hectares e consegue uma RCE, pode comercializar por 950 euros por ano, ou seja, um ganho extra de R$ 2.600,00 anuais para sempre.

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