A EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

Ao setor mais importante da economia denomina-se Industrialização, sendo que este possui um crescimento muito acentuado, tanto no processo, quanto na quantidade de industrias. A industrialização foi base para a modernização da economia do país, na transformação da sociedade, de rural e agrícola, em urbana e industrial. Portanto, não se considera como industrialização uma simples criação de fábricas de forma isolada, mas sim num conjunto irreversível de industrias, no qual há urbanização e domínio da cidade sobre o campo.
Faz-se necessário afirmar que a industrialização é um momento do desenvolvimento do capitalismo, da atividade fabril baseada na relação de trabalho assalariada, a este resultado denomina-se capitalismo pleno ou industrial.

Onde a industria constitui o setor chave da economia, e a relação de trabalho tipicamente capitalista constituem a relação entre a burguesia (capitalistas) e proletariado (trabalhador assalariado), esse por sua vez torna-se dominante no conjunto da sociedade.      
Tendo em vista esse processo, pode-se somente falar em industrialização no Brasil a partir do final do século XIX, período em que a escravidão no país é abolida e que se assiste a uma expansão da relação assalariada. Anterior a isto havia no máximo algumas fábricas isoladas muito artesanato e um certo crescimento manufatureiro, mas nunca uma industrialização, devido à própria existência do trabalho escravo, o qual servia de sustentáculo da economia, impedindo assim o arranque industrial de várias formas.
O processo de expansão industrial ocorrido no Brasil data das décadas de 40 e 50, sendo que a partir da segunda metade da década de 50, o setor passa a ser o carro-chefe da economia do país. Os primeiros esforços pela industrialização do Brasil vêm do império.
Durante o Segundo Reinado (1840-1889), empresários brasileiros e grupos estrangeiros, principalmente ingleses, investem pesado em estradas de ferro, empresas de transportes urbanos, estaleiros, bancos e seguradoras. Porém, a política econômica privilegiou a agricultura exportadora. As atividades industriais são beneficiadas pelo investimento de partes das rendas do café e da borracha, as quais limita-se a tecelagens, marcenarias, serrarias, chapelarias, fiações, moinhos de trigo, fábricas de bebidas e conservas. Metalúrgicas e fundições são raras. Parte dos bens de consumo e os bens de produção são importados pelo país.


O Ciclo da Industrialização

Os efeitos da crise de 1929 sobre a agricultura cafeeira e as mudanças geradas pela Revolução de 30 modificam o eixo da política econômica, que assume caráter mais nacionalista. Em 1931, Getúlio Vargas anuncia a determinação de implantar uma “industria de base”. Propiciando ao país a produção de insumos e equipamentos industriais e a redução da importação dos mesmos, estimulando assim a produção nacional de bens de consumo. Contudo as medidas concretas para a industrialização são tomadas somente durante o Estado Novo, em 1937. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945), causa dificuldades ao comércio mundial, favorecendo assim a estratégia de substituição de importações. No ano de 1943, no Rio de Janeiro é fundada a Fábrica Nacional de Motores, já em 1946, na cidade de Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro, começa a operar o primeiro alto forno da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). É criada em outubro de 1953, a Petrobrás, que detém, até hoje, o monopólio da pesquisa, extração e refino de petróleo. Sendo todas elas empresas estatais. Sai à era Vargas e entra a era Juscelino, o nacionalismo da era Vargas é substituído pelo desenvolvimentismo dos anos JK, governo Juscelino Kubischek, (de 1956 a 1961). Neste governo é implantada uma política tarifária protecionista. Com a ampliação nos serviços de infra-estrutura, como transportes e fornecimento de energia elétrica, atrai grande capital estrangeiro. Os investimentos externos estimulam a diversificação da economia nacional, aumentando a produção nacional de máquinas e equipamentos pesados para comercialização agrícola, insumos, fabricação de fertilizantes, frigoríficos, transporte ferroviário e construção naval.  Consolida-se a industrialização com a implantação da industria de bens de consumo duráveis, sobretudo eletrodomésticos e veículos, com o efeito de multiplicar o número de fábricas de peças e componentes.
O setor industrial supera a média dos demais setores da economia brasileira, no início dos anos 60.


O Milagre Econômico


No período chamado “milagre econômico” (1968-1974), o desenvolvimento acelera-se e diversifica-se, a disponibilidade externa de capital e a determinação dos governos militares de fazer do Brasil uma “potência emergente” viabiliza pesados investimentos em infra-estrutura (ferrovias, rodovias, portos, usinas hidroelétricas, telecomunicações, usinas nucleares), nas indústrias de base (mineração e siderurgia), de transformação (cimento, papel, fertilizantes, alumínio, produtos químicos), equipamentos (máquinas, motores, geradores, sistema de telefonia, turbinas), bens duráveis (eletrodomésticos e veículos) e na agroindústria de alimentos (carnes, grãos, laticínios). A economia em 1973 apresenta resultados excepcionais: o Produto Interno Bruto (PIB) cresce 14%, e o setor industrial, 15,8%.
A crise do petróleo em meados dos anos 70 e a alta internacional nos juros desaceleram a expansão industrial. Inicia-se uma crise que leva o país, na década de 80, ao desequilíbrio do balanço de pagamentos e ao descontrole da inflação. Mergulhando numa longa recessão o Brasil praticamente bloqueia a industrialização. No inicio dos anos 90, a produção industrial é praticamente a mesma de dez anos atrás.  Sustentada na urbanização e em u modelo industrial, a modernização da economia brasileira é conservadora, isso segundo indicadores sociais. Apesar de o Brasil deixar de ser um apenas um país agrário, exportador de alimentos e matérias-primas, e de desenvolver uma apreciável base tecnológica e industrial, há na distribuição de renda uma grande distorção.
Favorecendo alguns setores da política industrial, como os de bens de capital e bens de consumo durável. A maior concentração de investimentos estão nas regiões Sul e Sudeste, sendo estes investimentos principalmente nos setores geradores de empregos e, com efeito, multiplicador da economia. Já na região Nordeste os investimentos limitam-se a setores de consumo não durável, como as indústrias têxteis, que não tem um efeito dinâmico sobre a economia. Ocasionando um alargamento das diferenças econômicas entre as regiões geográficas brasileiras e, dentro de cada região entre as classes sociais, tornando-se esta situação crítica sobre tudo nas áreas de saúde pública, habitação, alimentação e educação.


A Expansão, Crise e Modernização (1974-1995).

A industria, que estava direcionada para os bens de consumo, dá uma redirecionada aos setores de base. Gigantes estatais como Siderbrás, Embratel, Eletrobrás e Vale do Rio Doce serão os motores do novo ciclo de investimentos, movimentando capitais que desafiam a gravidade. A recessão atinge as fábricas sendo sua conseqüência o choque dos juros da dívida externa, fazendo cair o PIB industrial em 8,7%. Ocorre assim uma ociosidade na linha de produção, em muitos casos, de até 70%.
Inicia-se no ano de 1982 um longo período de modernização, o Congresso Nacional aprova a lei que determina a reserva de mercado de informática. A produção industrial sai do vermelho e esquenta as linhas de produção com o Plano Cruzado no ano de 1986, mas a trégua dura pouco: no ano seguinte, a recessão volta a castigar a industria. Dando início a abertura econômica o governo Collor retira a política de substituição de importações e insere a integração competitiva.
O pontapé inicial ao programa de privatizações se da com a venda da Usiminas, tirando o estado do comando dos setores siderúrgico e petroquímico. Atingindo sinais de recuperação a industria atinge o seu ponto mais alto de crescimento de produtividade desde 1975, 11% por hora trabalhada. Tomando como iniciativas o fim da reserva de informática, desregulamentação da economia e a liberdade para importação de programas de computador, faz renascer o interesse pelos investimentos internacionais na produção industrial no Brasil, visando ao Mercosul e à América Latina.

Confiantes no ambiente de estabilização em 1995, a indústria se prepara para um novo ciclo de investimentos e para a ampliação da capacidade produtiva. Visando o plano político, a indústria posiciona-se em defesa das reformas macro-econômicas e de uma política industrial que dê suporte ao desenvolvimento auto-sustentado. 

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