A REALIDADE CAMPONESA EM SANTA CATARINA
A Realidade Camponesa:
A
estrutura fundiária em Santa Catarina está configurada com algumas
características próprias, diferente da maioria dos estados brasileiros. Pois,
enquanto que nos estados produtores de alimentos, as grandes propriedades
predominam, aqui em Santa Catarina há um predomínio das pequenas e médias
propriedades. Na tabela a seguir é possível observar a estrutura fundiária
catarinense.
Tabela XX: Estrutura fundiária de Santa Catarina:
Classes das propriedades
|
menos de 2 ha
|
de 2 a 10 ha
|
de 10 a 20 ha
|
De 20 a 100 ha
|
de 100 a 200 ha
|
de 200 a 1000 ha
|
de 1000 a 5000 ha
|
mais de 5000 ha
|
Número de Propriedades
|
5.184
|
50.063
|
59.293
|
64.258
|
4.292
|
3.152
|
375
|
13
|
Representação
|
0,12%
|
4,60%
|
14,14%
|
42,39%
|
10,24%
|
22,56%
|
4,92%
|
1,03%
|
Fonte: IBGE: 2012
Observando
a tabela XX, pode-se constatar que o
número de pequenas propriedades é grande, porém a representação delas no total
é insignificante. O número de grandes propriedades é pequeno, porém representa
quase 30% das terras do estado.
Considera-se
pequena propriedade, os estabelecimentos com menos de um módulo rural (20
hectares); média propriedade, os que possuem de 1 à 20 módulos; grande
propriedade, com mais de 20 módulos.
Logo,
na tabela XXX, tem-se a
representação percentual das terras ocupadas por cada tipo de propriedade de
acordo com seu tamanho.
Tabela XXX:
representação das propriedades
Pequena Propriedade
|
18,86%
|
Média Propriedade
|
52,62%
|
Grande Propriedade
|
28,52%
|
Fonte: IBGE, dados
trabalhados pelo autor.
Então,
na tabela XXX, percebe-se que embora
o número de pequenas propriedades e muito superior a das médias e grandes, esta
ocupada a menor proporção de área no estado. Ou seja, tem muita gente morando
em pouco espaço.
O latifúndio:
As
grandes propriedades agrárias em Santa Catarina estão localizadas, sobretudo,
nas regiões dos planaltos norte e sul, meio oeste e oeste do estado. Com
destaque para as regiões de Lages, São Joaquim, Campos Novos e Caçador. Mesmo
assim, são na sua grande maioria propriedades produtivas e não meramente
especulativas.
O pequeno agricultor:
As
pequenas e micro propriedades são muito comuns nas proximidades dos grandes
centros urbanos, porém estas sofrem com a especulação imobiliária e se tornam
“sítios de Lazer”. Em quase todos os municípios, principalmente nas regiões
Sul, Vale do Itajaí, Oeste e Extremo Oeste aparecem às pequenas propriedades
produtivas, onde a família do proprietário trabalho pelo sistema de
subsistência, produzindo para seu consumo e buscando, nos dias de folga (quando
não tem muitas atividades na sua propriedade) renda extra, trabalhando nas
terras de outras pessoas, por dia ou por arrendamento. Mesmo assim este tem
dificuldades em sobreviver dos frutos de seu trabalho, pois as despesas
familiares são maiores que o que arrecadam durante o ano.
O êxodo rural;
Na década de 70, 57% dos
catarinenses viviam no campo. No ano 2010, apenas 16% permaneciam.
Essa comprovação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no
último censo, em 2010.
Este movimento de saída do homem do campo para a cidade é
chamado de êxodo rural e essa é uma realidade crescente em todo o Brasil, mas
em Santa Catarina houve um aumento no processo de migração do interior para o
Litoral.
Uma das causas desse êxodo no Estado deve-se ao processo
de industrialização, com a criação de novos empregos no meio urbano. A ideia de
que a qualidade de vida na cidade é melhor, e, também, a redução da
rentabilidade das atividades agropecuárias teve efeito devastador para a debandada
da população dos meios rurais.
Para conter o êxodo, os especialistas são taxativos, ou o
agricultor catarinense busca novas alternativas ou perderá espaço no mercado
agrícola.
Outra solução é o agricultor catarinense adotar o
trabalho através de cooperativas ou de forma associativa. Embora o governo
Estado tenha investido, através da Secretaria do Desenvolvimento Rural e da
Agricultura, no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf), isso não tem dado fôlego para o pequeno produtor.
Aparentemente a proporção rural/urbana da população
catarinense está equilibrada. Ou seja, o êxodo rural não será tão expressivo ou
até cessará nas próximas décadas, pois a quantidade de pessoas que vivem no
campo, hoje, é necessária para produzir alimentos e matéria-prima para
abastecer as cidades.
O MST e o êxodo rural

Qual é a diferença entre os assentamentos feitos pelo
Governo e os feitos pelo MST? A diferença é estrutural. O Governo concede a
terra e pronto. O MST, além da terra, concede também as sementes, as
ferramentas e a alimentação da família até a primeira colheita. Como o
movimento pode fazer isso? É que, o MST além de ter uma organização própria,
conta com o apoio de entidades, como as Pastorais da Igreja Católica, da
Confissão Luterana do Brasil, de Sindicatos e de alguns Partidos Políticos. Ou
seja, todos os seguimentos da sociedade que entendem que o Brasil só vai ser
desenvolvido com uma reforma de base e essa reforma passam pela redistribuição
de terras e valores.
Como funciona o MST? A produção, geralmente é socializada
e a venda do produto é feita em cooperativas que na maioria dos casos é criada
por eles mesmos. As cooperativas do MST já estão funcionando em Abelardo Luz,
Campos Novos, Dionísio Cerqueira, Fraiburgo, Mafra e em outras cidades o
projeto já teve início.
Parte dos lucros da produção e comercialização é dividida
entre os produtores e a outra parte vai para um fundo que serve para a compra
de ferramentas e para dar alimentos e remédios para acampados que ainda não
conseguiram ter suas terras. Portanto, existe
uma estrutura que garante a continuidade do movimento.
Qual
é o verdadeiro papel do MST? O movimento oferece uma nova perspectiva,
resgatando no homem a esperança de progredir e buscar sua cidadania. O MST não
oferece apenas a possibilidade de conseguir a terra. Nos acampamentos, são muitos
os adultos que estão aprendendo ler e escrever, apenas com o incentivo do
movimento, iniciando, portanto, um processo de entendimento do que é a
sociedade. O principal objetivo é devolver a dignidade e a cidadania ao homem
excluído e recuperar sua auto-estima.
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