A CONCENTRAÇÃO DE OXIGÊNIO NA ATMOSFERA
Cansei
de ouvir os “profetas do apocalipse” de plantão falarem que o oxigênio do mundo
está acabando. Qualquer pessoa inteligente sobe que não é verdade essa
afirmação. Pois desde tempos jurássicos até hoje a quantidade de oxigênio na
atmosfera é a mesma. O que sofre mudanças são as concentrações locais, mas isso
tem relação com qualidade de ar e não com oxigenação.
O
oxigênio que se dissolve nas águas de forma natural é proveniente da atmosfera,
devido à diferença de pressão parcial. Este mecanismo é regido pela Lei de
Henry, que define a concentração de saturação de um gás na água, em função da
temperatura.
Considerando-se
o oxigênio constituinte de 21% da atmosfera, pela lei de Dalton, exerce uma
pressão de 0,21 atm. Para 20ºC, por exemplo, é igual a 43,9 e, portanto, a
concentração de saturação de oxigênio em uma água superficial é igual a 43,9 x
0,21 = 9,2 mg/L. É muito comum em livros de química, a apresentação de tabelas
de concentrações de saturação de oxigênio em função da temperatura, da pressão
e da salinidade da água.
A taxa
de reintrodução de oxigênio dissolvido em águas naturais pela superfície depende
das características hidráulicas e é proporcional à velocidade, sendo que a taxa
de reaeração superficial em uma cascata é maior do que a de um rio de
velocidade normal, que por sua vez apresenta taxa superior à de uma represa,
onde a velocidade normalmente é bastante baixa. Outra fonte importante de
oxigênio nas águas é a fotossíntese de algas. Este fenômeno ocorre em maior
extensão em águas poluídas ou, mais propriamente, em águas eutrofizadas, ou
seja, aquelas em que a decomposição dos compostos orgânicos lançados levou à
liberação de sais minerais no meio, especialmente os de nitrogênio e fósforo
que são utilizados como nutrientes pelas algas. Esta fonte não é muito
significativa nos trechos iniciais de rios à jusante de fortes lançamentos de
esgoto. A turbidez e a cor elevadas dificultam a penetração dos raios solares e
apenas poucas espécies resistentes às condições severas de poluição conseguem
sobreviver. A contribuição fotossintética de oxigênio só é expressiva após
grande parte da atividade bacteriana na decomposição de matéria orgânica ter
ocorrido, bem como após terem se desenvolvido também os protozoários que, além
de decompositores, consomem bactérias clarificando as águas e permitindo a
penetração de luz.
Este
efeito pode mascarar a avaliação do grau de poluição de uma água, quando se
toma por base apenas a concentração de oxigênio dissolvido. Sob este aspecto,
águas poluídas são aquelas que apresentam baixa concentração de oxigênio
dissolvido, enquanto que as águas limpas apresentam concentrações de oxigênio
dissolvido elevadas, chegando até a um pouco abaixo da concentração de
saturação. No entanto, uma água eutrofizada pode apresentar concentrações de
oxigênio bem superiores a 10 mg/L, mesmo em temperaturas superiores a 20 C,
caracterizando uma situação de supersaturação. Isto ocorre principalmente em
lagos de baixa velocidade, onde chegam a se formar crostas verdes de algas à
superfície.
Nas
lagoas de estabilização fotossintéticas, usadas para o tratamento de esgoto,
recorre-se a esta fonte natural de oxigênio para a decomposição da matéria
orgânica pelos microrganismos heterotróficos que, por sua vez, produzem gás
carbônico que é matéria prima para o processo fotossintético.
Referências:
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ANDREOLI,
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