O FIM DO NOSSO COMPLEXO DE VIRA-LATAS





Durante muitos anos tínhamos o péssimo hábito que pensar que tudo o que vinha de fora era melhor, inclusive desdenhávamos dos produtos nacionais em prol de produtos importados que são, muitas vezes, de qualidade inferior.

E isso faz parte de nossa cultura por muitos anos, pois já no século XVIII quando os navios aportavam, um bando de curiosos ia até o cais para saber qual eram as mais novas tendências e modas do mundo de lá.

Contudo três séculos se passaram e as coisas pouco mudaram. O pior é que internamente não é nada diferente, centenas de caipiras de Santa Catarina vestem-se como as protagonistas das novelas para “estar” na moda. Assim como outros caipiras torcem para um time de futebol de Santa Catarina e um outro do Rio de Janeiro, só pra “estar” na moda.

Assim é no futebol, na política, no comportamento e também na economia. Pois para muitos é um sonho comprar nas Casas Bahia e não na Salfer, pois a Bahia “é de fora”. Mas, finalmente as coisas estão mudando, principalmente na economia.

Durante muitos anos, sempre esperávamos que alguém de fora viesse fazer negócios lucrativos aqui, pois somente com estrangeiros é que podíamos pedir mais pelos produtos. Agora com o supercrescimento da economia brasileira, que passou de 14º colocado no ano 2000 (Governo Fernando Henrique), para 6º lugar no ano de 2011 (Governo Lula/Dilma), o Brasil passou a ser modelo para os demais países.

Num passado nada distante muito recente grupos de brasileiros iam para a Europa, Japão e EUA para conhecer o modelo de gestão e produção destes países e trazer alguma contribuição para cá. Na atualidade, eles são convidados para vir conhecer o Brasil, como ocorreu em Belo Horizonte com o grupo da ACOMAC e Sebrae/Minas.

Também no mercado externo o nível de qualidade nas exportações é incomparável em relação ao que se praticava em anos anteriores.

Na política, nunca antes éramos lembrados nas conferências e reuniões de líderes. Na atualidade somos convidados para abrir a conferencia da ONU, de Davos, fazemos parte do G20, do G10 e lideramos o grupo econômico denominado BRICS.

Só nos falta agora deixar de sermos vira-latas e lembrarmos que o futebol é coisa local e cultural, logo, se o Barcelona tem o melhor time do mundo, tudo bem, apesar de terem perdido o mundial de 2006 para um brasileiro (Internacional), mas não deve ser por isso que nos brasileiros devemos torcer por um time europeu. O mesmo no que diz respeito a torcer por um clube do Rio de Janeiro. Qual é a relação, além do caipirismo, para torcermos por um clube carioca?

O Brasil esta sendo descoberto e muito cobiçado pelo mundo e chegou a hora também de nos redescobrimos em todos os âmbitos e principalmente de nos auto-avaliarmos. É fato que a nossa tradicional República das Bananas esta se transformando aos olhos do mundo neste agora "real" e reconhecido oásis das oportunidades, então é fundamental que nós brasileiros – governantes, estudantes, empresários, cidadãos – nos despeçamos o mais breve possível deste nosso antigo companheiro imaginário, vira-lata, que ainda insiste em se esconder no fundo do nosso inconsciente popular.

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