SANEAMENTO, A SOLUÇÃO SIMPLES PARA PROBLEMAS COMPLEXOS

A disposição de esgoto no solo é um dos métodos mais antigo de tratamento de efluentes e, é bastante utilizado ainda hoje. O método é chamado popularmente de “fazendas de esgoto”, devido sua forma de tratar os efluentes líquidos vindo das cidades. A cidade de Melborne, na Austrália, talvez foi o melhor exemplo, onde desde 1897, cerca de 510 milhões de litros de esgoto por dia, eram utilizados para irrigar pastagens de bovinos e ovinos. Essa prática foi abandonada em meados do século passado por perder espaço à especulação imobiliária. As constantes inovações das ciências como a microbiologia e as constantes preocupações sanitárias, também pesaram na hora de abandonar essa prática.

A irrigação de campos de cultivo ocupa hoje, cerca de 60% a 70% do consumo total de água, logo deve ser repensada. A irrigação com esgoto tratado passa a ser uma iniciativa importante, pois dá um destino final ao esgoto produzindo um efluente em condições de ser lançado num corpo d´água, embora, esse processo não siga os princípios da agronomia. A irrigação pode ser definida como a aplicação de água no solo com o objetivo de atender a demanda hídrica do planeta.
A utilização do esgoto sanitário na irrigação apresenta algumas vantagens como a reciclagem da água e de nutrientes; aumento da produção de alimentos; para amenizar o clima; melhorar a estética e preservar o meio ambiente. Embora, o controle do balanço de nutrientes é mais difícil do que na irrigação tradicional, pois a água vem de forma in natura e o esgoto vem carregado de nutrientes e nem todos são benéficos na irrigação, como é o caso dos sais e da amônia.
Na hidroponia, o menor controle do balanço necessário de nutrientes ao longo dos estágios de crescimento das plantas e eventuais limitações impostas pelas características dos efluentes. O esgoto sanitário é rico em matéria orgânica e os processos biológicos e anaeróbios podem alcançar eficiência na remoção dessa matéria na ordem de 70% a 90%. As lagoas de estabilização são de fundamental importância, pois propiciam com eficiência a remoção de amônia e fósforos do esgoto.
O uso de esgoto na piscicultura também é muito comum, a China, Israel e México são exemplos dessa prática, cuja legislação permite e faz parte dos programas governamentais. Portanto, na piscicultura se faz necessário à remoção de nutrientes, principalmente a amônia.

Esses sais são provenientes da dieta humana, logo, o esgoto proveniente do uso domiciliar, virá com grande incidência de sais e isso influi na prática de piscicultura, pois com a adição de sais somente algumas espécies podem ser criadas, limitando a prática. Na fertirrigação, os sais irão se acumular na zona radicular da planta comprometendo tanto seu crescimento, quanto à absorção de água pela mesma. Num solo carregado de sais aumentar a velocidade de infiltração de água, diminuindo a umidade do mesmo. A elevada concentração de sódio, cloretos e bório, tanto na água, quanto no solo aumentam a toxicidade das plantas.
A prática adequada do uso do esgoto sanitário na fertirrigação e piscicultura é uma alternativa segura e viável economicamente e ambientalmente sustentável.

Muitas Universidades fazem pesquisas sobre o uso do esgoto para a produção de alimentos e, em Santa Catarina, destaca-se a UFSC. O Brasil oferece condições excepcionais para essa prática, tanto pela disposição de áreas em sua grande extensão territorial como pelas condições climáticas. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O CICLO BIOGEOQUÍMICO E A AÇÃO ANTRÓPICA

GEOGRAFIA DE SANTA CATARINA - O EXTRATIVISMO