A CRISE BRASILEIRA, OS PROTESTOS E O CRESCIMENTO
Se a meses atrás lançássemos uma enquete para as pessoas: vocês querem
ter crescimento agora e apertar o cinto depois ou querem perder agora e apertar
o cinto depois? Todos optariam pela primeira situação e foi o que o Brasil fez
e garantiu a reeleição de Presidente Dilma. Porém, o exército de perdedores lança
todos os dias seu veneno no ar dizendo que o Brasil “tá ruim e vai piorar”. Claro
que não tá bom, mas se em 1998, a população não tivesse posto fim no sistema
liberal, as coisas estariam muito pior, veja o caso da Argentina, da Grécia, de
Portugal, da Espanha, da Itália, etc.
Na atualidade empresários e economistas tem chegado a uma conclusão
comum: 2015 não será um bom ano para a economia brasileira. Os motivos são
muitos e todos estão ligados aos “equívocos cometidos pelo governo federal”,
resultados da “nova matriz econômica” — como ficou conhecida a política
econômica adotada pela presidente Dilma Rousseff (PT), em 2011. Devido a isso,
o próximo governo, sendo Dilma ou não (só outubro dirá), precisará fazer fortes
reajustes para que o Brasil não sofra com uma grande crise. E se não tivéssemos
feito isso, teríamos desemprego, inflação e retração econômica. Qual é o
cenário pior?
Os sinais da desaceleração são de dois tipos: profissional, por parte de
investidores, economistas, empresários, etc.; e populacional, visto que quem
sente os efeitos mais severos do mau momento econômico é o povo. O consumo das
famílias vive um momento de desaceleração, tanto pelo fim dos programas de
incentivo ao consumo quanto pela menor oferta de crédito. Provém daí parte da
insatisfação que gera os protestos iniciados no ano passado e endossados pelo
início da Copa do Mundo. Isso acontece porque temos uma população até então
acostumada a deter o poder de consumo que fazia girar a economia do país. O
governo criou essa prerrogativa e reside aí uma parte dos equívocos dessa “nova
matriz econômica”. Ou seja, a população estava tão mal acostumada à abundância
que no primeiro sinal de retração entrou em desespero.
Porém, parara os próximos anos, as projeções da Focus são: 1,8% (2015),
2,5% (2016), 3% (2017) e 2,8% (2018). Assim, é possível ver que o ano que vem
sofrerá com condições piores que as vividas atualmente. Por quê? Podemos
analisar, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre
deste ano: o crescimento foi de 0,2% em comparação com o trimestre anterior.
Não foi um bom resultado, visto que ficou clara não apenas a retração do
consumo das famílias (0,1%), como a queda de 0,8% da indústria, além do
negativo desempenho dos investimentos (-2,1%). Ou seja, a crise está com os
dias contados.
Um outro problema que está deixando o governo preocupado é a falta de
confiança no Banco Central, consequentemente, desconfiança do mercado
brasileiro, cria um ambiente impróprio para investimentos, que devem fechar o
ano no negativo, em função, entre outros fatores, da queda de confiança dos
empresários. Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que o índice de
confiança empresarial caiu 4,9% em maio, em comparação com o mês anterior. Esse
foi o maior recuo desde o final de 2008. Os índices da situação atual, das
expectativas também caíram: 3,9%, 4,9% e 3,3%, respectivamente.
E a falta de confiança faz, consequentemente, com que a taxa de
investimentos seja menor. Isto é, sem investimentos, sem melhorias. Em
comparação com outros países da América Latina, por exemplo, o Brasil está
muito abaixo quando o assunto são investimentos. Em 2013, a taxa de investimentos
foi de aproximadamente 18% do PIB. Em contrapartida, o mundo investiu 24,5%, os
países emergentes 32,2% e a América Latina 21,3%. Países como Chile (24%),
Colômbia (24,2%), México (22,2%) e Peru (27,6%), têm níveis bastante superiores
aos brasileiros.
Um exemplo das dificuldades pode ser visto no relatório Doing Business
2014, publicado pelo Banco Mundial. O relatório colocou o Brasil na 116ª
posição, num ranking com 189 países, de acordo com a facilidade para fazer
negócios de cada um. O Brasil ficou abaixo da média da América Latina e Caribe,
que pontuou na 100ª posição, e bem abaixo de países latino-americanos, como
Chile (34ª), Colômbia (43ª) e México (53ª). O país também ficou atrás de Rússia
(92ª) e China (96ª) — dos Brics, somente a Índia ficou atrás do Brasil, na 134ª
posição.
Fora isso, o Doing Business também mostra que o tempo para se abrir uma
empresa no Brasil é quase três vezes maior do que na América Latina e Caribe e
quase dez vezes maior do que nos países da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE). Além disso, o tempo gasto com pagamentos de
impostos é sete vezes maior aqui que na América Latina e Caribe e quase 15
vezes em comparação aos países da OCDE. O tempo gasto no Brasil é de 2.600
horas por ano, enquanto que na América Latina e Caribe são gastos 369 horas.
O economista Nathan Blanche atribui também à alta tributação o fato de
termos uma baixíssima taxa de poupança (12,7%), o que influencia nos
investimentos. “Por que a nossa poupança é tão baixa? Porque a tributação no
México é de 23%, na Colômbia de 28%, no Peru de 21%, no Chile de 24%. Uma média
de 24,4%. No Brasil é 37,7%. A média do PIB per capita nesses países é de 13,7%
e no Brasil é de 11,7%. Ou seja, não sobra nem para as empresas nem para os
indivíduos a capacidade de poupar. Sabe de quanto é a participação no PIB da
previdência na China? 2%. No Brasil, 12%”.
A instabilidade política remete à insegurança. No ano passado, a agência
de classificação de risco Moody’s rebaixou a perspectiva do rating soberano
do Brasil de positiva para estável. De acordo com economistas da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), isso se aconteceu devido aos seguintes fatores:
1) elevada e crescente dívida bruta do setor público; 2) o crescimento
baixo e prolongado, incluindo-se as projeções; 3) queda da taxa de
investimento; 4) a piora na qualidade dos relatórios das contas públicas (a
chamada “contabilidade criativa”, isto é, manobras contábeis para esconder a
expansão da despesa pública, do déficit e da dívida governamental, ou o uso frequente
de receitas não recorrentes); e 5) os recorrentes empréstimos do Tesouro aos
bancos públicos.
“Então, a chamada ‘nova matriz
econômica’ do governo Dilma resultou num crescimento baixo, inflação alta,
déficit em transações correntes e numa política fiscal associada a
‘contabilidade criativa’. Em 2015, independentemente de quem ganhar as eleições
presidenciais, terá que fazer um forte ajuste para o país ter condições de
aumentar a taxas de investimentos, e consequentemente melhorar o crescimento;
fazer com que a inflação volte para a meta; melhora da política fiscal, entre
outros”, analisa Balassiano.
Talvez o grande problema é que Dilma não segue os passos de Lula. Por
que o crescimento econômico durante o governo Lula foi de 4% e o de Dilma Rousseff,
1,9%, muito abaixo dos 2,3% do período FHC? Não é Dilma um fruto de Lula? Na
área econômica, não. Dilma é mais ideológica que Lula — como já mostrado, ela
está mais ligada ao protecionismo típico da política “nacional
desenvolvimentista”.
Mas também é preciso dizer que a presidente não contou com uma
conjuntura tão favorável para a economia brasileira quanto a que Lula
experimentou no começo dos anos 2000. Aquele foi um período em que houve um
aumento tanto dos produtos manufaturados quanto dos primários, pois a China
estava crescendo a taxas extraordinárias. O mundo, em geral, estava bem. Além
disso, foi um período em que houve o maior efeito de dinâmica do mercado interno.
Ou seja, o Brasil, nesse quadro de profunda concentração de renda, fez
com que uma parte da população, que estava fora do mercado, conseguisse entrar
no mercado com um aumento real no valor real do salário mínimo, que quase
duplicou. Isto é, Lula aproveitou esse momento de crescimento no mercado
interno que estimulou muito vários setores industriais, que tinham capacidade
ociosa de crescimento sem a realização de investimentos mais pesados.
Capacidade essa existente devido ao longo período de baixo crescimento
experimentado pelo setor nos anos anteriores.
Mas o quadro não é tão pessimista como colocam. O cenário pessimista que
é colocado por “setores ortodoxos da economia e por alguns políticos
reacionários” tenta apenas “desequilibrar o jogo político que, hoje, é
extremamente favorável à presidente Dilma”. Ele reconhece que o PIB não “cresce
a ritmo chinês”, mas diz que o Brasil ainda está muito além da Europa e dos
Estados Unidos.
“A Inglaterra, a Espanha, Portugal e França trabalham para manter o
ritmo e não conseguem. Os Estados Unidos, que estavam em um processo de
recessão constante, estão passando por um processo de estagnação. E enquanto
todos estão nessa situação, no Brasil está tendo emprego. Não estamos em
processo de recessão. Estamos mantendo nossos empregos, a âncora cambial está
estável, a Bolsa de Valores está em alta e a inflação controlada. Esses são os
princípios fundamentais para que o Brasil retome o ritmo de desenvolvimento.”
Então, o que dificulta o crescimento do Brasil? Temos três pontos:
1. Nossa constituição: ela foi criada
com princípios Parlamentarista e como vivemos em um país parlamentarista, não
temos uma definição clara de poder.
2. A Reforma Fiscal: a falta de uma reforma
fiscal faz com que perdemos muito tempo e dinheiro com corrupção e desmandos.
3. Maquina Pública: nossa gestão precisa
de uma inovação urgente, temos vários setores engessados, o Governo precisa ser
ágil e hábil.
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