A EDUCAÇÃO BRASILEIRA, MUDANÇAS URGENTES






Nos últimos anos tenho ouvido falar muito sobre a decadência na educação Brasileira, sobre os problemas relacionados à sala-de-aula, sobre a relação aluno-professor e uma série de outras reclamações. Dizem os “entendidos” que temos problemas, que tudo está errado e que temos que mudar. Mas mudar o quê? A onde? Como? Se mudar, qual é o modelo que melhor se adapta?
Essas respostas, em geral, nunca se têm. Mas apenas dizer que está errado, que tem que ser mudado de nada adianta.
Outro dia estive em uma palestra, destas sobre a educação brasileira e o palestrante dizia que tudo estava errado, que o Professor devia perguntar ao aluno o que ele queria aprender, pois assim a criança teria prazer em estudar e estaria motivado para aprender. Foi quando perguntei para ele quantos anos que ele aplicava isso em sala de aula e a resposta foi sistemática e rápida, sempre a mais de 20 anos. Retruquei com outra pergunta, em que nível? Nova resposta rápida – graduação e pós. Claro, como sou chato, perguntei de novo – o senhor já trabalhou com ensino fundamental? Tem filhos? E as duas respostas foram não. Levantei-me e fui para casa, pois meu nível de besteira estava completo para um único dia.
Claro que funciona, também quando trabalho na Graduação e Pós, apresento a ementa e pergunto qual dos pontos eles querem que seja mais aprofundado, pois são profissionais que estão no mercado e sentem deficiência e as vêm buscar em um curso de aperfeiçoamento. Sabem o que querem e também o valor de fazer aquela escolha.
Agora vai e pergunta para um aluno de oitavo ano do ensino fundamental e veja qual será a resposta – facebook e os alunos de ensino médio? Podemos dormir?
Isso não funciona assim, as coisas são mais complexas eu estudei 21 anos e continuo estudando, claro que sei o que uma criança de 12 anos precisa, não é ela que nem sabe a diferença entre Solstício e Equinócio que vai dizer o que quer aprender. Parem com essa besteira.
Mas afinal, o que deve ser mudado em uma escola para ela ser melhor:
- Primeiro: a sala-de-aula, temos que acabar com o positivismo. As salas não devem ter mais a “ordem”, os alunos dever estar um ao lado do outro e não um atrás do outro. A mais assim eles vão conversar! Ai, então entra a autoridade do professor. E quem disse que não pode conversar em sala?
- Segundo: conteúdo ensinado, os alunos têm mais de mil horas de matemática e não sabem fazer um orçamento doméstico. Para que serve aprender equação de segundo grau, trigonometria, seno, cosseno, ... se ele só precisa na vida saber usar uma calculadora e fazer contas de seu extrato bancário. Em ciências, aprende-se tudo sobre química quântica, sobre física e ensaios e eles não sabem os efeitos de jogar óleo de cozinha no ralo da pia.
- Terceiro: Direitos, deveres e cidadania. Onde você aprende isso? Se não for na escola, onde? Qual escola ensina?
- Quarto: quem é o Professor. Se for um coitado que ganha pouco e se enche de aula para sobreviver, é claro que não vai dar conta de fazer uma boa aula. Logo, os Professores devem ser bem renumerados, incentivados a estudar continuamente e lotar-se com no máximo 30 horas. Para assim, ter tempo de preparar aulas, pesquisar e fazer um bom trabalho. Professor deveria vir com prazo de validade, se não se reciclar a cada 5 anos deveriam ser demitidos, pois não posso repetir a mesma aula, os mesmos exemplos a vida toda.
- Quinto: foco. Para que serve o ensino fundamental – para chegar ao médio. Para que serve o médio – para passar no vestibular. Para que serve o superior – para arrumar um emprego melhor. Se o foco for a carreira profissional, ela deve começar o mais cedo possível. O ensino fundamental deveria iniciar-se aos 10 anos e ser focado no repasse de conceitos, como cidadania, cultura, arte, esportes, matemática básica, gramática, conhecimentos gerais e instrumentalização (como usar as coisas), tudo em cinco anos. O Ensino Médio deveria iniciar aos 16 anos ter quatro de duração e ser assim formatado:
-        Primeiro ano: conhecimentos gerais sobre profissões (o que cada área do conhecimento faz);
-        Segundo ano: opção para uma área fim (saúde, TI, ciências exatas, ciências sociais e/ou ciências da terra), podendo mudar até o final deste ano.
-        Do terceiro até o quinto ano: conhecimento profissional sobre a área que escolheu.
Também, os anos letivos teriam 260 dias com 6 horas diárias de aula e as escolas ofereceriam espaços de oficinas para seus alunos e familiares.
O Ensino Superior seria tema de outro material. Assim, entendo que se criaria objetivos na educação e sessariam aquelas perguntas: “por que eu tenho que aprender isso?” Que ouvimos frequentemente e com razão.
Não sou o dono do saber, mas tenho 30 anos de sala de aula em todos os níveis e sei que as coisas precisam de um choque e urgente, mas não é botando a criança com quatro anos na escola que as coisas vão melhorar.

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